7.2.17

A língua em que navegamos

A língua é de quem a fala e de quem a escreve. Se deixar de permitir a comunicação é porque alguém a anda a tratar mal, isto é, os falantes querem seguir por atalhos que, nalguns casos, originarão novas línguas, e em que, noutros casos, os falantes acabarão por se extinguir. O que, de facto, acaba por vir à tona é a falência do sonho imperial de uma comunidade lusófona.
É sabido que o sonho, por adjetivar, não prejudica ninguém. O problema é que não sonhamos coletivamente e, quando tal acontece, de nada serve regular o que vai desconcertado...
A língua não é dos gramáticos, nem dos livreiros nem dos políticos, que, na verdade, outra coisa não fazem que não seja zelar pelos seus negócios ...
Agora, uns tantos querem purgar o acordo ortográfico. Por mim, a tarefa é impossível, porque, desde 1911, que não há acordo.
Se recuperássemos todos os desentendimentos lexicais, semânticos, fónicos, ortográficos e outros, chegaríamos facilmente à conclusão que aquilo que nos une é cada vez mais residual, mais líquido... E esse é um detalhe que deveria merecer atenção, pois é nessa língua líquida que melhor navegam os que a falam e os que a escrevem... 
(...)
Reparem, entretanto, que já começou a campanha contra a mochila - sacola de escravo e não de moleque... Eu, por mim, também penso que para transportar um tablet basta um bornal. Em tempos, para transportar a lousa, chegava-me uma mão... e ignoro se a extinção da ardósia foi objeto de alguma decisão da pretérita Assembleia Nacional...

6.2.17

Partiram no dia 1 de fevereiro...


«Ils sont partis il y a cinq jours de la cour de justice de l’Union européenne à Luxembourg, à pied et par tous les temps, pour traverser plusieurs ...»
(Abonnez-vous au Républicain Lorrain
pour lire cet article.)

Se quiser ler, vai ter que pagar o conteúdo! 

Creio que a causa curda, isto é, o direito dos curdos a disporem de um estado deveria merecer mais atenção da comunidade internacional. E sobretudo deveria merecer mais atenção porque se trata de um povo permanentemente perseguido, cujos dirigentes, acusados de terrorismo, são condenados à morte e deixados a apodrecer nas cadeias turcas, e não só. No entanto, é sintomático que a comunicação social ignore o assunto ou, quando se lhe refere de forma pontual, nos obrigue a subscrever o jornal, no caso o Républicain Lorrain
A Internet é vasta, mas a informação é escassa. Valoriza o fait-divers e ignora as causas.
Em marcha

5.2.17

O sol desta manhã

O melhor será saudar o sol desta manhã, antes que a nuvem o cubra e me deixe um pouco mais deprimido...
É só mais um passo e, talvez, outro passo sob a luz desta manhã, e tudo começa a ganhar sentido. E não é preciso correr, a pé ou de bicicleta! 
Até um simples reflexo luminoso disseminado pelas águas de um qualquer rio - o Tejo é um privilégio! - me faz regressar à margem e seguir o curso a que não devo colocar qualquer termo, pois esse simples ato desrespeita a vontade da nascente, dando corpo a uma soberba inebriante, mas, afinal, irracional...

4.2.17

Nos Passos de Santo António

Gonçalo Cadilhe sempre foi, para mim, o homem que sabe ir aos lugares onde eu gostaria de ir. Desta vez, o viajante soube reinventar os passos desse português que habita o nosso imaginário desde a infância, mas que visto à distância, no tempo e no espaço, pouco se importaria com a identidade terrena; o que lhe interessava era a chama que o empurrava para a defesa de um Deus despojado e solidário - Fernando Martins / Santo António de Lisboa / Santo António de Pádua.  
Ao ler "Uma Viagem Medieval" de Gonçalo Cadilhe, três ideias se foram apoderando de mim. Primeira, o roteiro criado pelo Autor é tão apelativo que, talvez, um dia destes também eu parta para cumprir parte desse destino antoniano; segunda, o relato da viagem pelo Norte de África é tão ponderado que vale a pena lê-lo várias vezes para compreender aquilo que nos liga e que nos separa nas margens do mediterrâneo - o absurdo da inimizade que pouco tem a ver com a alma do povo; finalmente, e já que o Ministério da Educação aposta num Projeto de Leitura para o 10º ano centrado na Idade Média, parece-me que Nos Passos de Santo António é uma obra genuinamente portuguesa, que permite ao leitor tomar consciência de que o presente não está tão longe do passado, mesmo se medieval, como a nossa ignorância persiste em defender.
Nos Passos de Santo António, Uma Viagem Medieval, é um belo livro de Gonçalo Cadilhe que nos liberta da poeira hagiográfica, e nos faz sonhar! Pelo menos, a mim!

A ler:
 https://sol.sapo.pt/artigo/547268/goncalo-cadilhe-sou-um-viajante-nao-sou-um-nomada-

3.2.17

A marcha pró-Curda

À Audun-le-Tiche, les marcheurs ont été accueillis à la salle Jean-Moulin, pour s’y restaurer et surtout s’y reposer avant de repartir vêtus de leurs gilets jaunes de sécurité ce jeudi en direction de Thionville, sous escorte de la gendarmerie nationale.

Hoje, a marcha pró-Curda segue para Talange. A caminhada dura um pouco mais de três horas (?).
16h20. O grupo já chegou a Talange. A minha previsão estava correta, embora o acontecimento não esteja a ter grande impacto na comunicação social.

2.2.17

À Audun-le-Tiche

Le Républicain Lorrain 

Scène insolite saisie ce mercredi soir à Audun-le-Tiche lors de l’arrivée des marcheurs kurdes en route vers le Parlement européen de Strasbourg.

A informação que acabo de receber é que «Já fizemos 50 km e estamos no Norte de França; tudo corre bem».
O que é curioso é que a Internet nos permite saber de forma precisa onde é que o caminhante se encontrava no final do dia de ontem, embora ele não o saiba com rigor, pois o que lhe interessa é atingir o objetivo.
No essencial, ao peregrino interessa o esforço realizado e a distância a que se encontra da meta.
No caso, as metas são duas: uma pessoal e a outra solidária, esta bem mais difícil de alcançar, apesar da primeira por à prova a resistência individual.

1.2.17

Marcha pela autodeterminação dos Curdos

Marche kurde pour l’autodétermination

C’est désormais une tradition : la « longue marche » kurde. Pour la vingtième fois, celle-ci reliera deux villes européennes pour rendre attentif au sort de la minorité kurde, partagée entre la Turquie, la Syrie, l’Irak et l’Iran. Cette fois, la « longue marche des Kurdes et de leurs ami-e-s » reliera Luxembourg-ville à Strasbourg. Sous le mot d’ordre de « Liberté pour Öcalan – un statut pour le Kurdistan », plusieurs centaines de marcheurs et marcheuses partiront du Luxembourg le 1er février. À l’heure où le conflit dans les régions kurdes de Turquie reprend de plus belle et où les forces kurdes sont sous pression en Syrie aussi, tandis qu’une libération du leader kurde Abdullah Öcalan semble s’éloigner toujours plus, ils revendiqueront, entre autres, une solution politique au conflit en Turquie. Le 3 février, une conférence aura lieu à 20 heures aux Récollets à Metz. Ensuite, les marcheurs et marcheuses repartiront pour atteindre, le 11 février, le Parlement européen à Strasbourg, où la grande manifestation annuelle des Kurdes d’Europe aura lieu. Départ à Luxembourg : mercredi 1er février à 10 heures devant la Cour de justice de l’Union européenne.
Aqui está um tema de que pouco se conhece em Portugal, mas a que nos últimos anos comecei a dar atenção, porque a Susana não perde uma oportunidade de lutar pelos direitos dos povos,  como acontece com o povo curdo, obrigado a uma diáspora sem fim à vista...