31.1.17

Donald Trump não é um ignorante

Ainda não eram 9 horas e já tinha ouvido 3 pessoas dizer que Donald Trump é um ignorante. Concordo com quase tudo o que se lhe aponta: nacionalismo mórbido, xenofobia, machismo, caudilhismo, populismo, sectarismo, racismo, egotismo extremo. Só não posso aceitar que o classifiquem como ignorante. O senhor sabe muito bem o que faz, e quem o elegeu sabia muito bem o que queria!
Parece-me enorme insensatez apresentar a ignorância como argumento, pois isso significa começar a desculpabilizá-lo, tal como desresponsabiliza quem criou as condições para que pudesse ser eleito e os que nele votaram ou se abstiveram...
Pensar que a situação se resolve com um qualquer atentado também revela desconhecimento da História: os autocratas sabem rodear-se de mastins que os defendem e que, em simultâneo, espalham o terror...
E finalmente, este argumentário cega-nos para o virus de que Donald Trump é portador e que rapidamente atravessará o Atlântico, gerando réplicas prontas a por termo à sociedade democrática.

30.1.17

Da natureza da euforia

Um destes dias deixei aqui uma nota sobre os tempos de euforia, concluindo que eles eram coisa pretérita.
Entretanto, tenho vindo a pensar se a euforia corresponde a um estado gasoso, líquido ou sólido... De início, pensei que o eufórico fosse um nefelibata ou, mais próximo de nós, um alcoólico deserdado... Porém, agora, que ando menos eufórico, dou conta de que a euforia pode resultar da atitude de pessoas que se prezam de ter os pés bem assentes no solo... Longe e perto, parece que a razão se desvaneceu, surgindo, a cada momento, ações cada vez mais perniciosas ao bem comum.
Os propósitos parecem razoáveis, mas, de facto, são insensatos... e tudo rodopia em tal estado de contentamento que a euforia campeia, insensata e maltrapilha...

29.1.17

Se os Últimos Dias se aproximam


Creio que o Senhor Donald Trump não terá sido informado do projeto da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias...
Será que o senhor presidente não pode fazer qualquer coisinha para evitar o desperdício de milhões de dólares em solo onde já estão edificadas tantas igrejas cristãs?
Se os últimas dias se aproximam, para quê construir um Templo de tamanha envergadura?
Até porque anda por aí muita gente que pensa que o senhor presidente o que quer é acabar com o planeta...

28.1.17

Voltam os testes

De dois em dois meses, voltam os testes. Um teste para cada turma, porque os meninos deixaram de ser filhos de Deus, e o Diabo está à espreita...
Em alguns testes, criou-se o hábito de criar versões, porque os diabinhos ganharam o hábito de catrapiscar o alheio...
Tudo isto decorre num lugar cujo objetivo é educar, isto é, inculcar um conjunto de valores que visam preservar a responsabilidade, o rigor, a honestidade.
Tantos testes para quê? O professor sabe muito bem quais são os meninos cumpridores - que respondem na hora, que leem de forma correta, que são capazes de dar uma resposta escrita, fundamentada, coesa, coerente e obediente à instrução... e também sabe que tem à sua frente uns tantos que não ouvem, que não abrem o manual, que não respondem ao que é solicitado, e que se estão nas tintas para o processo de ensino-aprendizagem...
... porque, de verdade, só lhes interessa o EGO...

27.1.17

Unicórnio ou multicórnio?

Unicórnio?

De repente, olhamos a fachada, e sai fumo branco. Será que temos Papa?
Um destes dias, saberemos...
Enfim, cada um faz o que lhe apetece!

E se todos adotarmos o unicórnio, será que este prédio da Portela poderá ser classificado como multicórnio? 


26.1.17

A negro

Com tanta chuva, ainda pensei que talvez o edifício do Liceu Camões viesse abaixo. Mas não, as construções lacustres estão preparadas para resistir às torrentes... Afinal, o problema maior situa-se no Porto - alunos, encarregados da educação e professores decidiram fechar a Escola Secundária Alexandre Herculano, por excesso de água e de friagem.
Edifícios centenários morrem lentamente enquanto os decisores vão soprando para o lado, à espera do inevitável. A cada ano que passa, uma reapreciação que morre na gaveta.
O Património só é assumido quando os interesses se encontram. 

25.1.17

Cercado

As muralhas não estão à vista, as 77 torres foram deitadas abaixo e das 38 portas, sobraram algumas chaves, entretanto, oferecidas pelo alcaide aos forasteiros que, de tempos a tempos, nos visitam...
Descurada a defesa, apenas a voracidade campeia no arraial. A fome já lá vai - os homens deixaram de esgaravatar nas lixeiras, as crianças de três e quatro anos dormem tranquilamente nos infantários, e as mães já não precisam de ferir os peitos à míngua de leite materno...
O cerco é coisa do passado! 
Já não há cidades sitiadas, embora haja quem persista em edificar muros - uns de arame farpado, outros de cimento eletrificado. De vez em quando, surgem notícias de Aleppo ou da Faixa de Gaza, mas dizem-me que esses lugares não existem, que não passam de reminiscências esventradas por deuses de outrora...
Gostava de ter a fé do historiador José Mattoso que considera que a História « responde, muito simplesmente, a uma curiosidade inata no Homem para com as suas próprias ações individuais e coletivas...»  Blogue de José Mattoso (26.10.2014)