7.8.16

Salazar pensava que tinha tempo

António Spínola discordava, como vimos, de Salazar porque este pensava que era preciso "saber esperar".
Também George Ball, enviado de Kennedy, em carta de 21.10.1963, refuta a tese de Salazar:

«V. Exª acredita acredita que o tempo trabalha a seu favor, nós não. Conforme tive oportunidade de referir, as nossas estimativas indicam que nas melhores circunstância, não será possível dispor de mais de 10 anos para preparar os territórios para o ato político da autodeterminação. Se forem aproveitadas todas as oportunidades durante esse intervalo de tempo, nós estamos seguros de que a presença efetiva de Portugal poderá persistir. Se, ao contrário, essas oportunidades forem desperdiçadas nós concordaremos então com a previsão desoladora de V. Exª de que Portugal será incapaz de "manter a sua influência e os seus interesses atuais nos territórios contra todas as influências ideológicas e económicas impulsionadas do exterior.»
E como sugestão programática, George Ball acrescenta:
« Nós estamos perfeitamente cientes de que este apoio (dos líderes africanos mais moderados) só será possível se Portugal der uma indicação afirmativa, primeiro, de que a autodeterminação é o objetivo em direção ao qual se orienta a sua política e, segundo, que o Governo português está a promover numa base de urgência a realização de uma série de medidas - sociais, económicas, educativas e políticas - para preparar os povos para a autodeterminação dentro de um período de tempo razoável ainda que não necessariamente explícito.
(...) Em menos de uma década V. Exª poderia criar as bases para um programa educativo de grande amplitude. A preparação de africanos que carecem de especialização administrativa e técnica deveria também ser objeto de esforços imediatos, uma vez que nos parece essencial desenvolver e alargar o núcleo indígena de juristas, médicos, professores, engenheiros e operários especializados e semi- especializados capazes de suplementar os brancos que agora ocupam os postos administrativos fundamentais. E finalmente V. Exª poderia no espaço de tempo que lhe resta treinar um quadro de professores para conduzirem um sistema de escolas, a desenvolver tanto nas áreas rurais como urbanas...»

6.8.16

O que António de Spínola disse


Entrevistado por José Pedro Castanheira (Expresso, 1994)

1.      O acompanhamento de perto da Guerra Civil de Espanha e da ofensiva Alemã na União Soviética, durante a Segunda Guerra (…) «no plano político, permitiram-me reflectir sobre o papel das grandes potências na condução dos negócios do mundo e sobre o papel reservado aos pequenos países quando queiram manter uma soberania visível.»

2.      Em 1961, foi como voluntário para Angola. «O Ultramar, qualquer que fosse o seu futuro, era um desígnio nacional, reiterado por todas as forças políticas, quer situacionistas quer da oposição.

3.      «A minha experiência militar, o meu conhecimento da História e a minha experiência no Ultramar (13 anos) ensinaram-me que não havia solução militar para a guerra. (…) Um Estado federado ou uma federação de Estados eram soluções possíveis.»

4.       Conheceu bem Humberto Delgado, mas em 1958, votou no almirante Américo Tomás.

5.      Em maio de 68, foi convidado por Salazar para Governador da Guiné, tendo na audiência que Salazar lhe concedeu, contrariado a tese de «saber esperar» … «Ante a tese de Salazar de “defesa do Ultramar” e de “defesa da Guiné” face à ameaça soviética, tive ocasião de lhe expor a tese da “revolução social”, com aceleração máxima do desenvolvimento económico, em paralelo com a promoção social e cultural dos africanos. Só assim a defesa militar tinha sentido útil. No final, sem contrariar a minha tese, Salazar só me disse: “É urgente que embarque para a Guiné.”»

6.      A nomeação de Marcelo Caetano para presidente do Conselho foi um momento de esperança, «dando-lhe sempre o meu apoio para soluções de abertura.»

7.      Nos dois primeiros anos da sua estadia na Guiné, compromete-se num esforço militar no sentido de recuperar posições. A partir de 1970, é a componente social e política que ganha relevo… «O PAIGC, em 1970, estava enfraquecido, dividido e mais longe das populações, então ainda muito ligadas à Mãe-Pátria. Era altura negociar… 1972 era o ano ideal para medidas concretas.»

8.      «O objetivo principal da operação Conacri era justamente libertar Amílcar Cabral das pressões sobre ele exercidas pela União Soviética, de que o PAIGC dependia totalmente do ponto de vista financeiro e de material logístico e militar.»

9.      «Mário Soares foi um homem corajoso no seu combate à ditadura, aprendeu muito com os desvios da revolução e soube corrigir o seu posicionamento; governou o país sempre em situações difíceis e veio a ser um grande Presidente da República. (…) A morte de Francisco Sá Carneiro foi uma perde nacional.»

10.   Em 1972, «nunca me assumi como candidato à Presidência da República. Naturalmente que não temia um confronto eleitoral com o almirante Américo Thomaz em eleições diretas e livres. (…) A escolha feita por Marcello Caetano foi sem dúvida um passo decisivo para o suicídio político.»

11.  O encontro secreto com Senghor realizou-se a 18 de maio de 1972, tendo o Presidente «expresso uma grande simpatia pelo nosso país e louvado a nossa política social na Guiné. Ofereceu-se para intermediário, como defensor duma “autonomia interna” de tipo federativo com Portugal. Informou-me mesmo de que Amílcar Cabral era recetivo a essa ideia. Ele próprio me sugeriu um encontro com o prof. Marcello Caetano em Bissau. (…) Em Lisboa, tudo foi rejeitado por Silva Cunha e Marcello Caetano com argumentos jurídico-legais.

12.   Estabeleceu vários contactos com Amílcar Cabral, embora Luís Cabral e Aristides Pereira afirmem que nunca tiveram conhecimento de tal. Em Outro de 1972, Amílcar Cabral ter-lhe-á proposto um encontro em «território português», através do inspetor da DGS Fragoso Alas.

13.   Reagiu intempestivamente à morte de Amílcar Cabral, em janeiro de 1973, “Lá me mataram o homem”: «Essa reação está correta. E a insinuação foi, na verdade, para PIDE/DGS de Lisboa, que, a proceder assim, agia às ordens do Governo Central, sem qualquer ligação com o Governo da Guiné. Penso, no entanto, que as dissidências internas do PAIGC, habilmente exploradas por Sékou Touré, é que conduziram à morte de Amílcar Cabral. (…) Não havia no PAIGC substituto com igual inteligência e portuguesismo.»

14.   Na remodelação de novembro de 1973 não aceitou ser ministro do Ultramar, porque isso exigia «o compromisso de eu aderir à política ultramarina oficial.»

15.   O livro “Portugal e o Futuro” foi apresentado pelas «vias hierárquicas competentes. Portugal e o Futuro exprimia ideias que eram do perfeito conhecimento do presidente do Conselho. A proibição do livro, de acordo com a Lei, era da competência do ministro da Defesa. Ninguém pode acreditar que o livro não tivesse sido lido pelo ministro da Defesa e pelo presidente do Conselho.»

16.   Não aceitou a proposta de Marcello Caetano de reclamar, junto do presidente Thomaz, a entrega do poder às Forças Armadas. (Golpe palaciano) Tinha o apoio do ministro Veiga Simão, do almirante Pereira Crespo, do Dr. Rui Martins dos Santos, secretário de Estado do Ultramar…

17.   O 16 de março de 1974 «foi uma reação de combatentes do Ultramar à minha destituição e à do general Costa Gomes da chefia das Forças Armadas Portuguesas. O sentimento que os motivou foi de profunda revolta, designadamente no seio dos oficiais que serviram comigo (…) Mas o 16 de março foi uma reação espontânea e construtiva de oficiais que fizeram muita falta ao País no período entre 16 de março e 25 de abril. Resultou de uma reação espontânea do Comando de Operações Especiais de Lamego, que teve o seu núcleo no regimento das Caldas da Rainha.»

18.   «O plano operacional do 25 de Abril foi da autoria dos majores Casanova Ferreira, Manuel Monge e Otelo Saraiva de Carvalho, membros duma comissão militar de que faziam também parte outros oficiais como o tenente-coronel Garcia dos Santos e o major Moreira de Azevedo, coadjuvados pelos capitães Luís Macedo e Morais Silva e pelo alferes Geraldo. Com o 16 de março, Casanova Ferreira e Monge foram presos, aparecendo no 25 de abril o major Otelo como o principal estratego do movimento.»

19.   «Sou de opinião que a iniciativa decisiva de Salgueiro Maia de se deslocar de Santarém para o Quartel do Carmo o tornou merecedor de ser distinguido pelos altos serviços prestados à democracia e ao País.»

20.   «Não é verdade que o brigadeiro Jaime Silvério Marques estivesse envolvido no golpe liderado pelo general Kaúlza de Arriaga.»

21.   Tomou posse como presidente da República a 15 de maio de 1974. E empossou Adelino da Palma Carlos como primeiro-ministro no dia seguinte. Spínola demitiu-se a 30 de setembro de 1974, «face à anarquia que invadia as Forças Armadas», pois não podia aplicar medidas de exceção: terminar «com as atividades políticas do MFA» e impedir «as atividades conspiratórias do PC no seio das Forças Armadas, obrigando-o, igualmente, a abandonar a ditadura do proletariado no seu programa e a não impedir a institucionalização da democracia.»

22.   «O meu pensamento num governo militar de breves meses destinava-se a promover eleições democráticas rapidamente e a referendar uma nova política ultramarina. Não me bati por esta solução. O Programa do MFA manteve a Junta de Salvação Nacional, de carácter militar, e um governo provisório civil. Foi o programa que eu li aos portugueses e no qual acreditei. Esta solução acabou por se revelar desastrosa com a nomeação de Vasco Gonçalves para primeiro-ministro e a existência da Comissão Coordenadora do MFA.»

23.   O Partido Comunista não cumpriu as suas promessas, ao persistir no modelo soviético. « O PC sempre atuou na sombra…

24.   Apesar de na Junta, Rosa Coutinho concordar quase sempre com as decisões de Spínola, este acaba por reconhecer que ao ser nomeado para presidir à Junta Governativa de Angola, a atuação de Rosa Coutinho sofreu uma evolução completa, apoiando deliberadamente as forças marxistas e tomando decisões contra os portugueses residentes em Angola, que considerava inimigos. Spínola defende que «a sua atuação em Angola, junto das Forças Armadas Portuguesas, fomentando a sua rendição, enquadra-se, sem dúvida, no que eu considero um crime de alta traição à Pátria.»

25.   «Nunca pensei que o Vasco Gonçalves estivesse ligado ao PC e que tivesse tanta falta de senso (…) Quase louco.»

26.   A traição de Costa Gomes: «o comportamento de Costa Gomes no 28 de setembro tirou-me todas as ilusões (…) Até setembro, acreditei na lealdade de Costa Gomes (…) Mais tarde, ao refletir sobre os factos relacionados com a sua permanente conivência com a Comissão Coordenadora do MFA, sobre a sua identidade com os elementos esquerdistas, sobre a destruição dos apoios militares firmes, não posso deixar de lhe atribuir uma ação preparada e premeditada. (…) O seu desejo era que eu abandonasse Portugal logo após o 28 de setembro, revelando-me, assim, que pretendia atuar sem um peso de consciência a viver no país. (…) Posso apenas dizer que a sua convergência com os comunistas foi total no que concerne ao problema ultramarino.»

27.   «O 11 de Março inicial não foi um golpe planeado por amadores, mas antes um movimento patriótico a que tinham aderido inúmeros oficiais. (…) O Partido Comunista infiltrou-se habilmente no seio dos militares e conduziu o 11 de Março (…) Os objetivos do 11 de Março que estava programado – e que teria evitado a loucura coletivista que se seguiu – não foram, infelizmente, atingidos.»

28.   Maior sucesso político da vida: «Ter colaborado abertamente nos objetivos previstos no 25 de Abril que, em última análise, se resumiram à restituição da liberdade e da democracia ao povo português».

29.   Maior sucesso militar: «Ter participado como voluntário na Guerra do Ultramar, onde tive o privilégio de correr riscos ao lado dos nossos extraordinários soldados, lídimos representantes do ancestral patriotismo do povo português.»

5.8.16

O que os move...

Em 2005, o JL (6-19 julho) perguntava a Manuel Alegre: - Consideras-te um narciso ou não? Estás ou não no centro da tua obra? Ao que Alegre respondeu: «Eu acho que, de uma maneira ou de outra, todos os artistas estão no centro da sua obra.»

E se lermos um pouco mais da entrevista, ficamos a compreender que o escritor tem ideias claras sobre o assunto: « Toda a gente está sempre no centro. O que há é pessoas que não gostam de si próprias. Eu não desgosto de mim, mas não me considero um narciso. Agora quem passou por certas experiências, esteve isolado numa cela, esteve numa guerra onde se morria, viveu dez anos no exílio, numa grande solidão - é evidente que tem de falar de si próprio.»

Nesta defesa, Manuel Alegre parece querer dizer que não é narcisista, pois tem biografia a mais. Centrando-se no seu caso, cita mesmo Semprun: «Porque hei de estar a inventar personagens, quando eu próprio, com a vida que vivi, sou uma personagem muito mais rica do que qualquer outra que inventasse?»
Gosto do conceito biografia a mais, porque pressupõe que o narcisista é o que tem biografia a menos.

De facto, por estes dias (e por outros já passados), andam por aí certos rapazes ( e certas raparigas) que, talvez por terem biografia a menos, não resistem ao canto da sereia ou de certos mecenas... E valerá a pena recordar que a figura do mecenato, tão aplaudida socialmente, foi desenhada pelos mesmos rapazes que agora se empanturram e desfilam pelos estádios e outras arenas... 

Talvez Manuel Alegre tenha razão. Eu nunca o considerei um desses rapazes narcisistas, porque, ao entrar na Assembleia da República, já ia carregado de biografia...

4.8.16

Na vida

Na vida, uns divertem-se e outros amocham... não é que eu pense ter adquirido o hábito de me dobrar para que outros me saltem para cima, mas a verdade é que, em termos de retrospetiva, verifico que tal já me aconteceu demasiadas vezes... E hoje é um desses dias, com a particularidade de ser o meu primeiro dia de férias...
Aqui estou eu, ansioso, à espera, das 14 às 20 horas, que me venham trazer um utensílio doméstico, quando me comprometera, entre as 18:30 e as 20 horas, a fazer o transporte de um animal doméstico no casco da capital...
As horas não foram por mim determinadas e quem o fez não quer saber de coincidências. Limita-se a estabelecer que «no período selecionado não se deve ausentar do local de entrega. Se houver necessidade de se ausentar deverá comunicar a sua indisponibilidade com 24h de antecedência. Caso não seja feita a referida comunicação, deverá ser paga uma retribuição de 15 euros.» WORTEN
Este é o exemplo do dia de hoje depurado de outros factos que não mencionarei, mas que só o agravam.
De qualquer modo, se conseguir ultrapassar estas dificuldades, talvez amanhã amoche um pouco menos... Só que para que tal aconteça, necessito que o telefone toque rapidamente. Sim, porque os transportadores prometem avisar com 30 minutos de antecedência...
(...)
Às 18h23, recebi uma mensagem da Worten que informava «que a sua entrega / recolha esta prevista ser realizada dentro de 30 minutos.» (sic) O que veio a acontecer... e o resto seguiu a ordem prevista, com a compreensão dos intervenientes...

3.8.16

Há quem não perca o "andanças"...

Há quem não perca o "andanças"...  Desta vez, um parque de estacionamento virou braseiro. Felizmente, não há perdas humanas... centenas de carros arderam..
Neste "andanças", volto a estar presente, embora indiretamente, e estou sem saber se o carro* das amigas da Susana terá ardido...
O dia de hoje faz-me lembrar o tempo em que o "andanças" decorria no concelho de S. Pedro do Sul. Sempre que lá me deslocava, temia que uma coisas destas pudesse acontecer...
Bem sei das minhas "andanças" que em viagem, no campo ou na praia, o importante é estacionar e que raramente pensamos na segurança de pessoas e de veículos...

* Não ardeu! Il n'était pas écrit lá-haut dans le grand rouleau! (Diderot)

2.8.16

Entre o fio mental e o fio dental

Apesar de haver quem diga "que nunca é tarde", a verdade é que eu já não tenho idade para certas coisas, como, por exemplo, correr a maratona ou escrever versos...
E porquê? Porque, numa certa óptica, teria de carregar com toda a tradição daquela famosa corrida ou do ofício de poetar.
Vem isto a propósito de uma crítica literária de Paula Morão "Ana Luísa Amaral - Manto mais brando do pensar", publicada no JL de 19 de Julho de 2005, em que, a linhas tantas, afirma:

Assim, a literatura «fala» numa des-coincidência entre a tradição e o eu que agora diz, e a quem, por ser outro o tempo, «Não interessa onde / estou», como o poema vai repetindo em eco, enquanto busca o «pequeno dicionário/que soubesse de paisagens/ de dentro», um mapa de palavras que emanasse da tradição para traçar o fio mental com que nova Ariadne, o eu se orienta neste tempo poético conforme ao que foi «inventado/há mais de três mil anos», mas em que «nada é já como soía», como escreveu Sá de Miranda. Resta, pois, ao poeta de hoje o recomeço a partir desse húmus de versos e de vozes ecoando no sopro do «vento», a que Zéfiro de Boticelli dá tão bela expressão desde a capa do volume. (A Génese do Amor)

Só a transcrição deixa-me exausto. Agora imaginem que, disciplinado na escola de Mário Moniz Pereira, me atirava a uma destas disciplinas, e, em vez da pista ou do piano, me decidia, qual Orpheu, a recuar três mil anos e a embebedar-me do «húmus de versos e de vozes ecoando no sopro do vento...
Este fio mental que a crítica procura a cada momento restabelecer, e que valoriza como cânone, mata qualquer vontade de iniciar a corrida, mesmo que os louros se afigurem longínquos ou até inúteis...
Por uma questão de exercício, vou interromper este registo e continuar a leitura, pois não quero desistir da caminhada para que fui convidado pela Paula Morão...

1.8.16

Mário Moniz Pereira acreditava nas capacidades do indivíduo

Faleceu ontem Mário Moniz Pereira. Tinha 95 anos. 
Para mim, Moniz Pereira era um daqueles homens cuja existência me encoraja a vencer os obstáculos.
Ele acreditava nas capacidades do indivíduo e sabia que, através do trabalho, era possível rendibilizá-las ao máximo. Por isso, os atletas que orientou e treinou atingiram o topo e retiraram Portugal do anonimato.
Através da persistência e do trabalho, é possível ir muito longe. É esse espírito que falta a muitos de nós, mais velhos ou mais novos. Acomodamo-nos demasiado cedo.
Moniz Pereira soube merecer os 95 anos que viveu.
Moniz Pereira sempre foi, para mim, uma fonte de emoções... positivas!