31.5.13

Visão bipolar

Nestes dias em que as ideias se repetem, espanta-me que, num mundo tão vasto e com tantas mentes, não surjam soluções para os problemas que nos ocupam. E o que mais me admira é a visão bipolar que nos carateriza.
Ou estamos a favor ou estamos contra! Quando posicionados, levamos a fé (a convicção) até aos limites, sem percebermos que o fundamentalismo mais não é do que a base da guerra santa.
Como deveríamos saber, a morte das sociedades é o efeito maior de qualquer guerra santa.
 
Nos últimos dias, os sinos têm repicado a apelar à guerra santa. Compreendo que o Dr. Mário Soares procure levantar o povo contra o governo e contra o presidente da república, mas não entendo que as vozes que o acompanham não apresentem de imediato um programa de ação a ser amplamente debatido.
 
Aparentemente, ainda há mentes capazes de investigar rigorosamente o passado, apontando os erros. Mas essas mentes afastam-se da luz quando se trata de pensar o presente e o futuro. Entrincheiram-se ao longo da linha maginot.
E esperam pelo Redentor! Para o Dr. Mário Soares já é tarde! A não ser que ele seja o novo S. João Batista! E nem lhe falta o cordeiro...

30.5.13

Sob ameaça...

Vivemos sob ameaça!
O Governo ameaça atirar para o desemprego e para a miséria uma boa parte da população e encontra justificação na necessidade de prestar contas a quem nos empurrou para a presente situação... Ameaça deixar morrer os doentes e acelerar a morte dos idosos porque mais não são do que uma fardo para a comunidade... Ameaça baixar os níveis de instrução e de cultura, empurrando os jovens para a delinquência... O Governo diz que reduzidos os postos de trabalho e os vencimentos, mortos os doentes e os idosos, alienados os jovens... teremos um país refundado!
Do outro lado da barricada, a oposição pede a demissão do Governo, mas não diz como é que vai resolver os problemas criados ao longo das últimas décadas...
E os sindicatos estão felizes, cada vez mais unidos, preparam-se para ajudar o governo a poupar uns milhões de euros, e para deixar o país ainda mais destroçado. Por exemplo, quem é que ganha com a greve do METRO de hoje? Os trabalhadores? A empresa? Os passageiros? A economia?
Infelizmente, há perguntas a que ninguém quer responder! Há responsabilidades que ninguém quer apurar? 
Um destes dias, damos as mãos e inventamos novas caravelas que nos levem de vez à Ilha Perdida...

29.5.13

A décima irrelevante

Há muito que a décima me surge associada à extraordinária meditação de Camões:
Sôbolos rios que vão
por Babilónia, me achei,
Onde sentado chorei
as lembranças de Sião
e quanto nela passei.
Ali, o rio corrente
de meus olhos foi manado,
e, tudo bem comparado,
Babilónia ao mal presente,
Sião ao tempo passado.
(...)
Claro que a polissemia da palavra já me tinha confrontado com outros significados: Já os meus avós, que da Babilónia e de Sião só conheciam a lição bíblica, se queixavam da obrigação de pagar a décima. E depois havia a décima parte de qualquer coisa...
 
Hoje, no entanto, despertei para a décima do Dr. Gaspar, que, asnaticamente, nos vai explicando que a projeção da OCDE, superior em três décimas à do Governo, é irrelevante.
Os interlocutores ouvem, registam e replicam os sofismas ministeriais sem se interrogarem sobre os efeitos de cada décima em termos do aumento do número de desempregados e do empobrecimento do país.
Bom seria que o Dr. Gaspar fosse capaz de quantificar a décima!
 
UMA DÉCIMA = + 50.000 desempregados(?)
UMA DÉCIMA = + 100.000 pobres (?)
 

28.5.13

O rumor das águas

( Na hora em que as palavras tecidas de luz são já a noite.)

Ainda há quem pense que o encanamento das águas é a melhor forma de controlar os aluviões, mas estes, resolutos, rompem os diques e arrastam tudo à sua volta…

Por tudo isto entendo que há momentos em que mais não devemos fazer do que ouvir o rumor das águas porque, ao fazê-lo, adiaremos a chegada à foz.

No caso dos rios, de nada serve a estratégia do contrafogo! Aos rios há que deixá-los fluir livremente…

As águas misturam-se e num caudal único correm para a foz. A junção dos rios contorna a sedimentação externa e não exige qualquer tipo de mediação.

/MCG

O Caso de Barbacena

O Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica realizou, ontem, a apresentação da obra O Caso de Barbacena: um pároco de aldeia entre a Monarquia e a República da autoria de Margarida Sérvulo Correia.
Na perspetiva do prof. João B. Serra, esta obra deve ser classificada como um ensaio biográfico sobre a vida do Cónego João Neves Correia, mas que abre caminho a uma melhor compreensão do modo como a Igreja Católica intervinha nas questões que opunham o povo, na defesa do direito ao uso comunitário do solo, aos interesses dos latifundiários que se iam apropriando das terras, condenando a população à fome ou à emigração.
Desde já agradeço à professora, investigadora e amiga Margarida Sérvulo Correia o convite que me fez para estar presente na apresentação da sua nova obra , convencido que, em tempo oportuno, voltarei a referir-me ao seu contributo para um melhor esclarecimento de questões que, se bem analisadas, poderão ajudar a melhor compreender as desigualdades que ainda hoje minam a sociedade portuguesa.

26.5.13

Nem sombra de areia na Praia do Matadouro - Ericeira

Nem sombra de areia na praia do matadouro. Só vento frio! A situação pode parecer ocasional, mas duvido.

O parque de campismo da Ericeira está quase vazio, o percurso pedonal ao abandono. Na autoestrada, Ericeira – Lisboa e vice-versa, quase ninguém: um ou outro veículo com marcas de final de taça (de Portugal? da Liga?) ventosa lá para o Jamor!

Um regresso antecipado, mas tranquilo! Ruas desertas, o quiosque dos jornais vazio, só na boutique do pão, a fila cresce desmesuradamente, talvez, porque já só sobra para  enganar o estômago.

Enquanto isso, vou lendo os títulos da imprensa online. A maioria vai dizendo que os portugueses estão no bom caminho! Só se for o dos defuntos!  


25.5.13

Aqui chegado…




Aqui chegado , de pouco me serve a revolta ou o compromisso, o caminho que me falta percorrer exige que olhe atentamente o solo  onde coloco pés e que não desperdice energia, pois o vento se encarregará de aproveitar qualquer distração.

É mais fácil lançar-se ao mar do que regressar!