7.4.13

O Plano A

Voltamos ao Plano A! Passos Coelho assegura que tudo fará para destruir o Estado. Compromete-se a reduzir a despesa nas áreas sociais, atirando para a miséria a maioria da população... 
Infelizmente, António José Seguro não revela qualquer capacidade de apresentar alternativas concretas e viáveis. Acaba de adiar a sua reação à comunicação do primeiro ministro!!!

  No que me diz respeito, se é necessário cortar nas despesas da educação, proponho, desde já, a extinção do GAVE e do programa de Avaliação externa dos docentes. Neste fim de semana, gastei 4 horas a construir itens  de resposta restrita, a pretexto da formação de professores classificadores. E também despendi 3 horas a elaborar um instrumento da Observação da Dimensão Científica e Pedagógica no âmbito da avaliação externa. E para quê? E, a propósito, qual é o custo dos exames promovidos pelo GAVE?
É, no entanto, mais fácil degradar a educação, despedindo professores, do que extinguir organismos, na circunstância, supérfluos.

6.4.13

O plano B

Apesar do governo insistir que não há um plano B, eu estou convencido que existe. E que ele está nas mãos do presidente da República.
No essencial, resume-se à revisão da Constituição, com a consequente redefinição das funções do Estado.
O plano A já pressupunha a revisão da Constituição, mas faltou o engenho para unir o PSD, o PS e o CDS em torno desse objetivo.
Por isso encaminhamo-nos para eleições autárquicas sem que a reforma dos municípios tenha sido feita.
Por isso continuamos a sustentar empresas públicas extremamente endividadas.
Nem vale a pena referir os desfalques que ocorreram e vão ocorrendo um pouco por todo o país!
E tudo impunemente!
 
Entretanto, o Dr. António José Seguro, revelando fina argúcia, vem dizer-nos que quem fez os estragos que os resolva, e que está pronto a substituir o Dr. Passos Coelho!
Parece assim que, para que o plano B possa avançar, vai ser necessário que o PS pense seriamente em redefinir a sua estratégia e, consequentemente, mude de secretário-geral.
  

5.4.13

Enfim, tudo passa...

«Porque, enfim, tudo passa;
Não sabe o Tempo ter firmeza em nada;
E nossa vida escassa
Foge tão apressada
Que quando se começa é acabada.»
Luís de Camões, excerto de Ode IX

Depois de um Camões "alegre", chegou a vez da "liberdade em Camões". Tudo à maneira romântica! Sem tempo nem paciência para ler a obra, respiga-se meia dúzia de versos e solta-se a voz...
No que à liberdade respeita, para além de enaltecer a competência real de assegurar a «nossa liberdade», a liberdade pátria, o Poeta vassalo é parco em referências à liberdade, pois a sua condição surge permanentemente determinada  pela (má) Fortuna  e pelo Amor. Sem falar nos erros...
Por vezes, atreve-se a falar do alvedrio, do livre arbítrio, mas não lho deram. E sobretudo, na sua poesia, as esperanças transformam-se repetidamente em desenganos e em mágoas.
A vida é de mudança e de dor, e mesmos essas sujeitas ao inexorável Tempo!  
 
Que não se queira ou possa ler, entende-se! Que se deturpe, magoa...
 

4.4.13

A avaliação externa

Gabinete de Avaliação Educacional
Tipologia de itens

«Os itens de resposta restrita e de resposta extensa favorecem os alunos com facilidade de expressão, mesmo quando não é apenas esse o objetivo da avaliação.»
Não creio que haja alunos com facilidade de expressão! Há alunos que se exprimem com maior ou menor facilidade de expressão.
O que interessaria avaliar, externamente, é se os alunos são submetidos ao mesmo treino verbal ou se, simplesmente, ficam entregues à circunstância de terem crescido em ambiente socioeconómico e cultural favorável ou desfavorável.
 
A avaliação externa, seja de alunos seja de docentes, continua incapaz de definir objetivos que visem melhorar o sistema educativo.
Em Portugal, este tipo de avaliação consagra a mediocridade!
Se houvesse dúvidas, bastaria avaliar o perfil do ministro que acaba de ser demitido. Neste caso, a avaliação externa acabou por dar frutos...
Haja esperança!
 

3.4.13

Seminal

Semen, seminis...
Se ontem me referi à função do seminário para a igreja católica, hoje quero acrescentar que à Semente e ao Sémen é necessário adicionar o Sema. E, assim, o padre evangelista saía a lançar à terra o sema (a palavra), que não o sémen ou a semente... o primeiro porque convinha que fosse recalcado (sublimado), o segundo porque só deveria ser entendido enquanto metáfora inicial de uma alegoria adequada à ruralidade daqueles tempos...
 
Ao encurtar a palavra, regressamos à Grécia, ao radical sem- (...) à confluência da vida vegetal, animal e humana com a linguagem. Há algures um ponto seminal em que tudo começa a reproduzir-se e a fazer sentido...
E as limitações começaram com os sacerdotes! 

2.4.13

O seminário

Há quem tenha vivido no seminário, como eu! Há quem tenha participado em seminários, como eu! Há quem tenha dirigido seminários, como eu! Há quem tenha lido o Sermão da Sexagésima, como eu! 
Há quem não tenha feito nada disto! E alguns, só partilharam uma ou outra experiência... Mas só, hoje, compreendi a razão de ser do seminário.
 
No Sermão da Sexagésima, o Padre António Vieira acusa a cobardia dos pregadores que preferiam o paço aos passos, e explica com clareza que a missão do padre é sair a semear (seminare) a palavra de Deus, que não a deles... a lançar a semente à terra, que não o sémen...
 
Deste modo se pode compreender que o seminário seja para a igreja católica  um espaço regulador e castrador, cujo objetivo essencial é transformar o sémen em semente. Como diria Freud, o objetivo é sublimar a líbido em energia espiritual.
É precisamente essa transformação do sémen em semente (palavra de Deus) que António Santos Lopes (Manhã Submersa, de Vergílio Ferreira) nunca conseguiu aceitar, vendo no seminário um lugar crepuscular, onde o SILÊNCIO surge como regra disciplinadora e não como caminho de descoberto do EU absoluto, divino... 

1.4.13

O embuste

Vej’eu as gentes andar revolvendo,
e mudando aginha os corações
do que põen antre si as nações;
e já m’eu aquesto vou aprendendo
e ora cedo mais aprenderei:
a quen poser preito, mentir-lho-ei,
e assi irei melhor guarecendo.

Pero Mafaldo (excerto de serventês moral)

A tradição avaliza a mentira, dando ao indivíduo um meio de combater a impostura coletiva…

Recentemente, a mentira, que, tempos atrás, era designada de “não verdade” ou de “inverdade” ganhou nova roupagem: o embuste. Termo de origem obscura, bem mais disfemístico do que os anteriores.

Curiosamente, o vocábulo embuste é, sobretudo, utilizado por quem se habituou a viver de ardis e não tem medo de mentir porque sabe que lida com trambiqueiros.

Para evitar a multiplicação dos trapaceiros, melhor seria que apostássemos permanentemente na procura da verdade. E, consequentemente, na denúncia sistemática da mentira, do embuste, da trapaça, do logro, da intrujice, da peta, da patranha, da aldrabice…