29.10.09

Pulsão de morte na escola…

De acordo com a tradição, o ensino tende a sobrepor-se à educação nas escolas secundárias. Muitos docentes continuam a pensar que a educação é uma competência das famílias. No entanto, num tempo em que a escolaridade obrigatória se estende até aos 18 anos e as famílias se desagregam com a maior das facilidades, há cada vez mais jovens que revelam dificuldades de integração.

Essas dificuldades são expressas através do alheamento, do desinteresse, da «hiperactividade” (erradamente, associada a um nível superior do domínio cognitivo), da agressividade ou de uma auto-estima, por vezes, tão elevada e cega que o outro é visto como o «carrasco».

A vitimização é um dos efeitos da frustração relacional que, construída de forma cumulativa, pode desencadear situações de autodestruição ou, nos casos em que a relação afectiva colapsou, pode gerar episódios de punição colectiva. A vítima decide eliminar exemplarmente o carrasco, certa de que socialmente o seu nome verá o reconhecimento que lhe permitirá integrar a galeria dos heróis.

(Os sinais da pulsão de morte estão disponíveis. Infelizmente, continuamos ou a não ser capazes de os ler ou a virar-lhes as costas. De facto, preferimos  a tragédia ao drama.)

Glossário anunciado…

Política de educação = literatice, avaliação, pte, isto é, ministra +  secretário de estado adjunto+ secretário de estado

Contestação = saco de gatos + sindicatos + professores + alunos…

Resultado final? Porta-aviões ao fundo!

28.10.09

Quem é quem na Educação?

Alexandre Ventura é licenciado em Ensino do Português e do Francês (pela UA) e mestre em Análise Social e Administração Escolar (também pela UA). Em 2006, doutorou-se em Ciências da Educação com uma tese sobre Avaliação e Inspecção das Escolas. Fez todo o seu percurso académico na Universidade de Aveiro onde é professor auxiliar (na carreira universitária, há as seguintes categorias: professor auxiliar, professor associado, professor catedrático). Alexandre Ventura não possui a agregação, mas tem uma vasta obra publicada sobre organizações escolares e avaliação de escolas. Para além de professor auxiliar na UA, Alexandre Ventura é consultor e formador nas áreas de avaliação de escolas e administração escolar. Alexandre Ventura é uma personalidade muito próxima do PS. Foi subinspector geral da educação, em 2007, por proposta de Maria de Lurdes Rodrigues. E colaborou activamente com o Governo PS durante a presidência portuguesa da União Europeia.
As linhas de acção estão definidas: apostas na avaliação das unidades de gestão e dos recursos humanos e no plano tecnológico da educação. À Ministra competirá dar rosto às orientações do Primeiro-Ministro. Os sindicatos irão ficar à porta.
João Trocado da Mata
João Trocado da Mata

27.10.09

Um século de literatura no Liceu Camões

No presente ano lectivo, “Os Encontros ao fim da Tarde” mudaram de nome. Associando-nos à celebração dos 100 anos do edifício, decidimos variar o horário para que professores e alunos participem activamente em cada uma das evocações de escritores que, na qualidade de alunos e/ou professores, aprenderam / ensinaram nesta nobre instituição.

Hoje, honrando a memória interventiva do antigo aluno do novíssimo edifício do Liceu Camões (1909-1911) e a modernidade da escrita de Mário de Sá-carneiro (1890-1916), o Professor Fernando Cabral Martins (U.N.L.) proferiu, no Auditório Camões, uma serena e  bem estruturada palestra sobre a vida e obra do novelista e do poeta. A  professora da extinta Oficina de Expressão Dramática, Inês Nogueira, entusiasmou a plateia com a sua declamação dos poemas SERRADURA e CARANGUEJOLA. Talvez um dia, este Auditório possa testemunhar a representação de uma das três peças escritas pelo Mário (com a colaboração dos amigos Tomás Cabreira Júnior e Ponce de Leão)  : O Vencido; A Amizade; A Alma. Se o conseguirmos, atalharemos provavelmente algumas dificuldades reveladas pelo jovem público que encheu a Sala.

Globalmente, a escuta foi positiva, havendo mesmo muitos alunos que tiraram notas e outros que fizeram perguntas. No entanto, há quem não tenha o sentido de oportunidade: mudança de lugar no início da sessão; saída extemporânea da sala, perturbando a atenção do auditório; saída da sala no momento em que decorre a declamação de poemas ; conversa de pares; utilização do telemóvel para partilhar imagens e enviar sms. Esperemos que nas conferências sobre Urbano Tavares Rodrigues (Nov.) e José Cardoso Pires (Dez.), a recepção possa melhorar um pouco, pois educar é limar a natural imperfeição… 

25.10.09

As portas do mar...

À porta dos reis cansados de governar um país ocupado...como se eles fossem de outro barro. Suseranos e vassalos irmanados no mesmo desejo: a fuga.
Partimos para o exílio de nós próprios, pequenas ilhas depois esquecidas na voragem das ondas. De regresso, não lembramos mais a porta do mar. Ficamos, deitados na areia ou à sombra dos pinhais, à espera de uma nau por haver. E, na espera, sonhamos o pendão perdido na maledicência do quotidiano.

24.10.09

Trio Duarte Costa

O Trio Duarte Costa actuou esta noite no Auditório Camões, no âmbito do centenário do edifício.

Obrigado. Não é todos os dias que os antigos alunos nos oferecem gratuitamente a sua arte.

Obrigado Isabel Almeida, gostei de a ouvir e, sobretudo, apreciei a sua disponibilidade para aprender /actuar com os mais velhos, a tranquilidade que emana do seu dedilhar das cordas.

22.10.09

O humor de Sócrates…

Terá Sócrates sentido de humor? Será Sócrates um cínico? Não é frequente um primeiro-ministro, na escolha dos seus ministros,  deixar-se condicionar pela ágora. No entanto, no caso do ministro da educação, o nome da Drª Alçada Isabel Alçada circulava há meses na comunicação social, como certeza…

Quem é que a tornou imprescindível? Inevitável? Apesar do que se diz da arrogância de Sócrates, parece-me que a escolha não é de Sócrates, a não ser que Sócrates tenha decidido pôr à prova a paciência dos portugueses… Um ministro da educação não tem que ser um professor (filósofo ou não!) nem um escritor!

Um ministro da educação tem que ser capaz de desenhar e aplicar um projecto educativo nacional a longo prazo, liberto das teias de interesses que minam o terreno…

Para gerir os interesses, basta um secretário de estado ou um director-geral.

Se a Drª Isabel Alçada não entender este princípio, tornar-se-á na cicuta de Sócrates.