11.5.18

O espetáculo do mundo

Maio 1968 - evocação no Camões
«O mundo está cheio de coisas trágicas, cómicas, heroicas, bizarras e surpreendentes e quem não for capaz de se interessar pelo espetáculo que ele oferece renuncia a um dos privilégios que a vida lhe pode dar.» Bertrand Russell, A Conquista da Felicidade

A tentação é considerar que os dias oferecem trabalhos e não privilégios. No entanto, remar contra o marasmo pode ser um privilégio surpreendente.
Aqui e ali, sob um aluvião de certezas, eleva-se uma dúvida, uma faísca de compreensão. Até a repetição pode deixar no ar um "se"... Talvez, mais tarde, um filho pule da moldura e a mãe lhe acompanhe o voo e ela deixe de se sentir defraudada...
Submissos, pensando que eram insubmissos, guardam silêncio sobre o sentido, já não sabem bem se do mundo, se de si próprios... até porque o dia se vai fazendo noite - a única noite que poderá ser verdadeiramente sua...
E é um privilégio contemplar os rostos desconfiados perante a ideia de que há vida para além do aconchego, do sossego, da rotina... quase despertos, libertos do dia... maternal.

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