21.4.18

O não iniciado

1494 da era cristã: «De hoje em diante serás meu aprendiz. Eu te ajudarei a transformar espinhos em rosas e juro proteger-te dos perigos que espreitam o caminho. As páginas, que são outras tantas portas, hão de abrir-se ao nosso toque

Acabei de ler O Último Cabalista de Lisboa, de Richard Zimbler, Quetzal editores, 1997. O exemplar disponibilizado pelas Bibliotecas Municipais de Lisboa (Galveias)  apresenta falhas de impressão (pág. 57-58)... (espero que a minha incompreensão não seja justificada pela minha não iniciação...)

Um duplo crime: a matança dos cristãos-novos e o assassinato do mestre da Cabala.
A Cabala: ciência oculta judaica que procura desvendar os mistérios da criação do mundo através da interpretação da Torá, isto é, dos primeiros cinco livros do Antigo Testamento, onde de forma codificada Deus terá revelado os segredos do Universo...

Se a matança dos judeus - 4000 - é foi um crime levado a cabo por fundamentalistas dominicanos que souberam mobilizar a irracionalidade de um povo ignorante e faminto desprezado pelo seu próprio rei D. Manuel I, a morte do cabalista já resulta da cobiça, da inveja e do farisaísmo judaico...

A resolução do crime alonga-se desnecessariamente numa corrida desenfreada pelas ruas de Lisboa. A morte do mestre tio Abraão, apesar de ter decorrido durante o massacre de judeus na Páscoa de 1506, à conta da seca, fome e peste que assolaram o país, serve ao sobrinho, Berequias Zarco - futuro mestre - para tudo questionar - dominicanos; cristãos-velhos; cristãos novos; estrangeiros... e finalmente para anunciar que salvação do povo judaico só seria possível se este abandonasse a Europa...
Afinal, a Inquisição estava a chegar a Portugal (1536)...

Li o romance, mas não consigo desvendar o motivo que levou o Ministério da Educação a recomendar a leitura desta obra a alunos de 15 /16 anos... nem tal passaria pela cabeça de Richard Zimler, creio...

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