17.8.17

Por dever de ofício

Por dever de ofício, decidi reler O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago. Neste caso, melhor será dizer ler, pois até parece que nunca li tal romance. De qualquer modo, o exemplar, já quebrado, que possuo corresponde à 3ª edição,  e foi me oferecido pelo Manuel Duarte Luís, amigo da década de 80..., como se os amigos pudessem ser datados e se calhar podem, pelo menos enquanto os não esquecemos...
Tê-lo-ei lido nessa época e certamente não terei perdido a oportunidade de o mencionar e de o recomendar aos meus alunos de Teoria da Literatura... (Eles saberão melhor do que eu a importância que atribuiria ao modo como Saramago recriava tempos e individualidades, fictícias ou não...
Agora que me obrigo a reler a obra, confirmo que a minha memória terá sofrido grande abalo nos últimos 20 anos, mas interrogo-me se esta leitura escolhida para os atuais alunos do 12º ano é a mais adequada...
Este romance requer um leitor paciente, verdadeiramente interessado em compreender o território, a situação política, cultural e socio-económica dos anos 30 e, sobretudo, capaz de lidar com um narrador, cujo humor é corrosivo. Já nem me refiro à ironia e a uma intertextualidade, muitas vezes, anacrónica para a atual geração...

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