4.6.17

O que me escapa...

Alameda
 «As utopias pós-modernas são anarquistas. (...) Militam contra os objetivos definidos e os planos, contra o sacrifício que visa o benefício futuro, contra a satisfação diferida - contra todas as perspetivas de outrora que se alimentavam da ideia de que o futuro podia ser controlado, definido, forçado a observar uma forma antecipadamente traçada - o que tinha por efeito que as ações presentes de cada um fossem consideradas "grávidas de consequências".»
Zygmunt Bauman, A Vida Fragmentada...

Creio que Baumam se refere à utopia neoliberal e à utopia tecnológica, ambas libertas de qualquer perspetiva intencional...
Há nestas considerações qualquer coisa que me escapa pois, se não me engano, o anarquismo do início século XX, através da ação direta, visava eliminar o despotismo que governava o mundo, revelando assim uma perspetiva intencional.
Creio mesmo que, apesar da propaganda que tudo atribui ao estado islâmico, chegámos, hoje, a um ponto em que os projetos imperialistas se cruzam com a revolta imediata dos indivíduos que, ostracizados, não se importam de sacrificar a vida, não tanto porque procurem o eterno consolo das mil noivas, mas porque o presente é simplesmente insuportável.
O que é deveras preocupante é o modo como se vai diluindo o sentido de responsabilidade, instalando a deriva...

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