4.3.17

Fantasia camiliana

Por mais que faça, há tanta coisa em que não posso ajudar: abrir a janela, arejar o quarto, esconder os medicamentos, subir a temperatura, vestir-te, levar-te à rua; convencer-te de que vivemos um dia de cada vez, de que nada serve olhar para trás e de que só amanhã saberemos como vai ser...Sobretudo, não posso ajudar a que os outros se submetam à tua vontade...
Podia deixar-te! Mas para quê? O remorso consumir-me-ia, como se tivesse cometido um qualquer crime...
A verdade é que tu não queres abrir a janela, arejar o quarto, que eu te esconda os medicamentos, que te leve à rua; preferes alimentar-te do passado e hipotecar o futuro. Continuas a querer alienar os outros, alienando-te a ti própria...
Quanto a mim, não te importas que viva a teu lado, desde que o faça servilmente.

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