28.2.17

O caderninho de notas

Em 1982, mais ano menos ano, a professora V. solicitou-me que a acompanhasse na observação de umas aulas de Latim (profissionalização em exercício), pois temia adormecer durante a tarefa. A ilustre docente já passava, se não estou em erro, dos 65, mas nunca virava a cara à causa da perpetuação da língua que era suposto correr-nos nas veias...
Para os devidos efeitos lá acompanhei a colega, sentando-me junto dela, procurando que o temor da Dona V. não se concretizasse. 
O professor A. (formado em Latim num Seminário nortenho) fez o melhor que sabia, o que, por vezes, era pouco, enquanto que a Dona V. ia passando pelas brasas... Não querendo incomodar nem o formando nem o formador, eu ia anotando alguns dislates, mas sem lhes atribuir grande importância... 
Chegado o momento de atribuir a classificação final, em interminável seminário, o professor A. solicitou uma nota bastante elevada, provavelmente porque dera conta dos momentos de ausência da idosa formadora. Só que não esperava que lenta e pacientemente a professora Virgínia abrisse o seu caderninho de notas e começasse a por em destaque as lacunas de tão ambicioso magister.

Esta pequena história veio-me, ontem, à memória, quando ouvi o eng. Sócrates, estarrecido, porque o sonolento professor Cavaco também teria um caderninho onde ia registando todos os entusiasmos de sua excelência...

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