4.1.17

Aqui, neste lugar, as janelas abrem para um coreto

Aqui, neste lugar, as janelas abrem para um coreto, um dos muitos que existem nesta cidade de Lisboa. Num relance, avisto seis bancos de jardim, quase todos ocupados por silhuetas solitárias. Nas portas do coreto, dois cachos de jovens encontram alternativa à vida escolar. Falam ininterruptamente vá lá saber-se do quê, talvez das imagens que correm por entre os dedos... Ao lado, a esplanada do quiosque, quase sempre repleta de estudantes, forasteiros e aliciadores diversos...
O jardim é constantemente atravessado, sem que o que ali vai acontecendo desperte qualquer tipo de atenção - é um jardim assimétrico - no centro de vias rodoviárias com fluxos de trânsito irregulares... A verdade é que chamam ao lugar Praça José Fontana, embora ninguém saiba quem foi o patrono, qual foi o seu contributo para a criação do partido socialista oitocentista nem para o lançamento dos movimentos sindicais... Envergonhado, também anda por lá um tal Henrique Lopes de Mendonça, autor da letra da marcha A Portuguesa (Hino Nacional). Parece que o município lisboeta, para que o dito Henrique Lopes de Mendonça não permanecesse na clandestinidade, lhe atribuiu o nome ao jardim...
Entretanto, lá fora, só o céu escureceu. E aqui dentro, espero que alguém queira saber quem foram José Fontana e Henriques Lopes de Mendonça... Bem posso esperar!

Sem comentários:

Enviar um comentário