22.11.16

Da variante africana da língua portuguesa

Na questão das variantes da língua portuguesa, começo a interrogar-me se fará sentido ensinar que há uma variante africana, designação tão genérica que pouca informação nos conseguirá dar sobre o verdadeiro resultado do contacto do português com as línguas locais.
Em territórios extensos e distantes, polvilhados de culturas diferentes, só um estado despótico poderia realizar a homogeneização da expressão dos cidadãos... Como bem sabemos, nem em todos os territórios, tradicionalmente, considerados de expressão portuguesa, há estados, democráticos ou despóticos, capazes  de assegurar a escolarização das populações...   
E mesmo que cada estado conseguisse definir uma política da língua, nunca o faria em nome de uma entidade abstrata, no caso a variante africana.
(...)
Entretanto, em Portugal, os jovens de 15 / 16 anos, que supostamente dominam a variante europeia, vão confessando, por exemplo, ao ler Ondjaki, que compreendem e falam quotidianamente a língua d' "Os Da Minha Rua"...
O que me deixa a pensar que a distante e polvilhada rua africana desagua cada vez mais nas nossas escolas, europeias e portuguesas, sem ser necessário pisar solo africano. Mas fá-lo num registo muito empobrecedor!
(...) Quanto à variante brasileira, o melhor é começar a gravar os «papos» nos centros comerciais, nos cabeleireiros, nos bares e nas fachadas dos prédios...

Sem comentários:

Enviar um comentário