19.9.16

O arguido

O advogado estava a ajudar um cliente a resolver um problema corrente, quando a autoridade entrou portas dentro. O objetivo do Ministério Público era apreender documentação que permitisse fundamentar um dos casos de circulação não autorizada de capitais, envolvendo políticos, empresários, entidades bancárias nacionais e estrangeiras...
Feito arguido, o advogado ficou à espera que o caso fosse deslindado. Até hoje! Já lá vão cinco anos...
Ser arguido, em Portugal, significa ficar limitado, impedido, por exemplo, de se apresentar num qualquer concurso público, de redefinir a vida profissional.
No caso em causa, já houve quem tivesse sido preso e mais tarde posto em liberdade. Sem acusação até à data!
(...)
Lembrei-me do arguido, quando esta manhã, por volta das 7 horas, à saída da Portela, me cruzei com um pelotão de agentes musculadamente armados e que cercavam três barracas de ciganos e dois ou três machos... mulas, cavalos, sei lá! Provavelmente procuravam armas, droga ou algum foragido... Ao atravessar o dispositivo policial, pensei será que não corro o risco de ser feito arguido?
Na minha idade, ser arguido já não põe em causa o meu futuro, mas se tivesse apenas 30 anos, como seria? 

   

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