7.7.16

Há muito que deitei fora a chave

Começo a compreender aqueles indivíduos que levam tudo a brincar. Por vezes, parecem irresponsáveis, mas, provavelmente, a atitude deles é a que melhor se adequa à realidade que vamos construindo - uma realidade postiça, parola e artificiosa...
Lá no fundo, a jocosidade é expressão de um embate perdido, mas que insiste em levar a melhor sobre a tradição... Defender a tradição mais não é do que legitimar o poder instituído, seja ele qual for.
(...) 
A verdade é que eu levo demasiado a sério situações que se apresentam como absolutas, que, no entanto, também elas são formas de preservar um outro tipo de poder, mais profundo e despótico, que não sei nomear, mas que determina o modo como leio, como rio e até como escrevo...
Em suma, falta-me o sentido de humor e nem a ironia me consegue compensar da prisão em que vivo.
Há muito que deitei fora a chave e por isso espero que o barqueiro passe, embora me comece a faltar o óbolo para lhe pagar a viagem.   

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