14.5.16

Das coisas e dos animais sensíveis

Das coisas sem respiração não sei o que dizer, porque já não as sei contar.
Houve tempo em que reparava numa pedra e dizia 'ali está uma coisa inerte'. Depois, comecei a pensar que talvez a pedra tivesse uma vida secreta...
Só que a teoria do conhecimento acabou-me com a indecisão no dia em que me convenceu que esta vida se resume à relação do sujeito com o objeto. Nesse momento, descobri-me como Sujeito, senhor de múltiplas coisas - tanto dava que elas respirassem ou não...
Lembro-me até de um certo Bexiguinha convencido de que podia dispor da vida de todas as coisas, embora não soubesse distinguir as coisas vegetais das coisas animais, umas racionais outras inapelavelmente irracionais, porque alguém se esquecera de as ensinar a falar.
Este Bexiguinha acabou por se transformar numa coisa, porque, no sentido recentemente aprovado pelo Parlamento português, terá deixado de ser um animal sensível... É uma decisão acertada que, na minha opinião, deveria começar por ser aplicada na AR - há por lá tantas coisas inertes!
De qualquer modo, vou passar a ter mais cuidado. 
Doravante, vou dar mais atenção ao tronco da árvore, à relva e à ave acabada de chegar. Até o cimento me parece que tem uma vida secreta - uma alma! 

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