30.5.16

A 17 dias do exame nacional de Português

Não é surpresa, mas, nesta altura do ano letivo, há sempre um encarregado de educação que se queixa do professor do educando. 
Passaram três anos desde o início do ciclo, e o professor ainda não anunciou aulas de recuperação e de preparação para o exame nacional. E, sobretudo, o professor terá descurado o Dicionário Terminológico e o Novo Acordo Ortográfico. 
Chegou, assim, o momento de ajustar contas, não com quem sempre perturbou o processo de ensino e de aprendizagem, mas com quem foi excessivamente tolerante com os caprichos juvenis...
(...)
A 17 dias do exame nacional, há aqueles alunos que, finalmente, decidiram comprar uma Gramática de Português, embora não saibam qual, apesar do professor, todos os dias, levar uma para sala de aula, indo ao ponto de registar no quadro (e no sumário) o número da página referente ao conteúdo em foco, E claro também há jovens que se queixam dos professores que lhes recomendaram a compra ou, em último caso,  a consulta de uma Gramática, por exemplo, na Biblioteca Escolar...
(...)
Como Freud bem explicou, isto não passa do conteúdo manifesto, porque há sempre um outro, ainda mais traumático - o conteúdo latente.
Quando aborrecemos o rigor e o método, quem paga é a competência de leitura. Com o tempo, desaprendemos de ler e, sem leitura, não há escrita que resista.
(...)
Mais do que o desconhecimento da Gramática, o exame nacional põe a nu os efeitos da indisciplina, da instabilidade emocional e do amor-próprio, nos domínios da compreensão, da interpretação e da produção de texto...

Sem comentários:

Enviar um comentário