22.4.16

José Rodrigues dos Santos ajuda a explicar o que é um derivado não afixal

Ainda não eram 20 horas, e já o José Rodrigues dos Santos vociferava UM ARRASO ÀS PREVISÕES DO GOVERNO.
De imediato, pensei naqueles meus alunos que não entendem do que é que se está a falar quando se explica e dá exemplos de derivação não afixal. Aquele ARRASO vem mesmo a calhar - um grupo de peritos em finanças públicas ARRASARA repetidamente o governo. É que eu passei o dia a ouvir a notícia, apesar do JRS  a apresentar como a última novidade, capaz de provocar a queda do próprio céu...
Afinal, o que é um derivado não afixal? De acordo com os linguistas lusitanos, trata-se de um nome deverbal gerado por um verbo, (de modo não canónico) - o parênteses é meu! Não canónico pela simples razão de que, em certos épocas, não há tempo para aprender nem vontade para  seguir as regras, por exemplo, da derivação por afixação. Há por isso muitos nomes deverbais: abalo, agasalho, busca, janta, espanto, insulto, toque, troca... Ao JRS deve ter faltado o tempo para construir um enunciado menos tonitruante! (A falta de tempo de quem tanto escreve!)
Já agora aproveito para concluir a lição sobre o desrespeito pelo cânone:  Dias houve que, por razões de conveniência financeira, alguém sugeriu que o melhor era converter os judeus, obrigando-os a adotar um nome cristão, novo já se vê pois os velhos tinham todos senhor e senhora. E foi vê-los a trocar de nome: coelhos, cavacos, cristas,  sapateiros, ferreiros, ferros, anzóis, martelos, portas, marmelos, relvas, costas, seguros, rebelos,  figueiras, saramagos, uvas, zimbros - todos nomes comuns que viraram nomes próprios... 
E os mais extraordinário é que os linguistas acabaram com a velhinha derivação imprópria, batizando-a de conversão, certamente em homenagem à conversão forçada dos judeus em cristãos-novos.
Não sei se há por aí alguém que se chame auto da fé!

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