23.7.15

Sensações

O poema é de Arthur Rimbaud e exprime bem como ando desajustado. Ainda não há muito tempo tive a possibilidade de, nos fins-de-tarde azuis do verão, ir pelos atalhos observar os campos de trigo e calcar o restolho... e sonhar e sentir a frescura dos riachos e deixar que o vento banhasse os meus cabelos...
Agora que tenho mais tempo e menos meios, leio com vagar as sensações dos poetas franceses da segunda metade do século XIX e mergulho no amarelo das notícias literárias dos anos 90 do século XX...
(...)
O resto serão areias de uma ilha, um pouco ao sul e, talvez, com aves de arribação... Prometo, no entanto, que pouco falarei, embora continue a pensar, não no amor infinito nem na boémia, mas nas sensações até que elas se esfumem na Natureza.

Par les soirs bleus d'été, j'irais dans les sentiers,
Picoté par les blés, fouler l'herbe menue:
Rêveur, j'en sentirai la fraîcheur à mes pieds
Je laisserai le vent baigner ma tête nue.

Je ne parlerai pas, je ne penserai rien:
Mais l'amour infini me montera dans l'âme,
Et j'irai loin, bien loin, comme un bohémien,
Par la Nature, - heureux comme avec une femme.

      (Mars 1870) 

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