25.7.15

Quando deixamos morrer uma língua

«Nous ne pouvons savoir!- Nous sommes accablés
D'un manteau d'ignorance et d'étroites chimères!
Singes d'hommes tombés de la vulve des mères,
Notre pâle raison nous cache l'infini!
Nous voulons regarder: Le doute nous punit!
Le doute, morne oiseau, nous frappe de son aile,
- Et l'horizon s'enfuit d'une fuite eternelle!...»

Arthur Rimbaud, Soleil et Chair ( excerto)

Em tempo de certezas, sinto-me de tal modo ignorante que só a poesia me traz algum sossego, porque, afinal, o Poeta confina o seu ofício à expressão dos limites da razão humana e à valorização da dúvida, apesar do desapontamento que ela nos pode trazer... 

Além disso só,  na bigorna do Poeta, as palavras encontram o ritmo capaz de exprimir tudo o que ignoramos: Et l'horizon s'enfuit d'une fuite eternelle!

Aqui chegado, deixo de querer traduzir os versos, porque a beleza plasmada numa língua não é traduzível.
Quando deixamos morrer uma língua, deitamos fora a beleza de uma comunidade.


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