25.5.15

O etnocaos na F.C.Gulbenkian

Outrora, chamavam-lhe miscelânea; hoje, há quem prefira falar de um novo estilo: o etnocaos. Talvez por isso me tenha deslocado no dia 23 de Maio à Gulbenkian, onde tive oportunidade de presenciar a empolgante exibição do grupo ucraniano DakhaBrakha, criado em 2004, no centro de arte contemporânea de Kiev DAKH, pelo diretor de teatro de vanguarda Vladysslav Troitsky...
A verdade é que durante o espetáculo, mal informado sobre a pretensão estética do DakhaBrakha, senti-me um pouco frustrado, pois os instrumentos, os ritmos e as vozes lançavam-me para outros territórios distantes da Ucrânia: África, Ásia... No entanto, o problema era meu: o público parecia delirar com a profusão de sonoridades e de efeitos vocálicos...
Quanto a mim, ao observar os instrumentos, dei comigo a pensar que o lusotropicalismo tinha feito a sua aparição em má hora, e que o anátema sobre a miscigenação era afinal uma invenção dos seguidores da Reforma, que combatiam os monopólios, mas não deixavam de armar as fronteiras... Talvez o etnoscaos cultural possa ser a nova solução global e, sobretudo, dar trabalho a uma nova geração de antropólogos...
(...)
Já que o caos parece estar instalado, o melhor é não esquecer que no dia 23 de Maio de 1179, o Papa Alexandre III emitiu a Bula Manifestis Probatum que reconhecia Portugal como um reino pelos serviços prestados à expansão da fronteira cristã...
Já lá vão 836 anos... de caos!


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