19.10.14

O caso de Dustin Barca


É admirável ver Dustin Barca, que conta com o apoio de grandes nomes do surf mundial, como, por exemplo, Kelly Slater, arregaçar as mangas da forma que tem feito e pensar como é que o puto arruaceiro, que não hesitava em esmurrar pessoas sempre que surgia a oportunidade, se transformou num cidadão empenhado. “Fartei-me de ir parar à esquadra da polícia em Hanalei quando ainda só andava na escola primária. Era um miúdo muito problemático. Nunca tive pai, por isso não tinha quem me orientasse”, recorda.  Dustin Barca, em Entrevista ao Jornal i.

Barca é, em 2014, candidato independente, defendendo quatro áreas-chave: recuperar a cultura do Kauai, fomentar a agricultura sustentável, restaurar as hidrovias e combater o uso de drogas.

Para mim, esta foi notícia a que dei mais atenção neste dia, porque me faz pensar que os jovens podem encontrar o seu caminho, longe de tutores iluminados que não descansam enquanto não colocam sob a sua asa os jovens mais «prometedores» e não escorraçam para longe os «arruaceiros»; longe de pedopsiquiatras que tudo resolvem, receitando drogas aos adolescentes mais agressivos...
A leitura da entrevista faz-me pensar naqueles jovens que, todos os dias, entram a dormir nas salas de aulas e, assim, se mantêm por longo tempo... Dustin Barca desistiu do liceu no 10º ano porque queriam que tomasse Ritalin, medicamento usado para tratar a hiperatividade...
A explicação quanto à diferença de comportamento, reside na vontade. Na vontade de não ser dependente, subserviente e alienado. É esta vontade que pode gerar a contra-cultura  necessária à saída do marasmo e da abulia ou, então, à fuga do paternalismo tão frequente na nossa sociedade e, em particular, nas nossas escolas.

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