30.6.14

Eternas crianças

«Há já mais de um século que se deixou de as educar para se tornarem adultos. Muito pelo contrário, e o resultado é que os adultos da nossa época estão educados - estamos educados - para que continuem crianças.» Javier Marías, Todas as Almas, pág. 104, Quetzal editores

Enquanto que os pais vivem em permanente alarme, os filhos, eternas crianças, reivindicam direitos pelos quais nunca mexeram uma palha, e evitam os deveres que poderiam sinalizar a necessária passagem da infância para a vida adulta.
Aparentemente, foi criado um estado de adolescência que deveria durar, no máximo seis ou sete anos, mas que, hoje, parece prolongar-se indefinidamente. Basta observar que as birras, os amuos, as zangas, os acertos de contas, as invejas, as traições se tornaram na matéria noticiosa mais consumida...
A irresponsabilidade, o parasitismo, o logro são expressão de um ajustamento do sistema educativo que caducou a partir do momento em que o hedonismo substituiu o estoicismo e o capitalismo deixou de necessitar do mundo trabalho...

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