12.11.13

O Eleito

O eleito, mesmo que não acredite em si, tem sempre quem acredite nele, quem o empurre ou quem espere que ele seja capaz de resolver qualquer problema por muito grande que seja.
Em tempos, Camões, descoroçoado, ungiu o Príncipe, já Rei, e prometeu-lhe: 

«Só me falece ser a vós aceito, 
De quem virtude deve ser prezada.
Se me isto o Céu concede, e o vosso peito
Dina empresa tomar de ser cantada,
Como a pressaga mente vaticina
Olhando a vossa inclinação divina,
Ou fazendo que, mais que a de Medusa,
A vista vossa tema o monte Atlante,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os muros de Marrocos e Trudante,
A minha já estimada e leda Musa
Fico que em todo o mundo de vós cante,
De sorte que Alexandro em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja.» 

Assim termina a EPOPEIA, incentivando o Rei a partir para o norte de África, e contrariando todos aqueles velhos do Restelo que, mais do que a Fama, a Glória, a Vaidade, a Cobiça, estimavam a vida humana...
E o Poeta acabou desempregado, embora por pouco tempo...
Este desejado e ungido Rei era, ainda, o guerreiro que sonhava apagar o nome de todos os Alexandros e que esperava ser o herói de NOVA EPOPEIA. E foi esse sonho que o matou, apesar do Super Poeta, séculos mais tarde, lhe profetizar o regresso, depois do Nevoeiro, pois acreditava que o Mito era suficiente para despertar a Alma de um Povo, não percebendo que este Povo deixara de acreditar no Senhor e que, por mais que Ele quisesse, o sonho se desvanecera num fim de tarde...

PS. Dentro de momentos, também eu partirei para o COLISEU! Mas não levo armadura nem cavalgadura...

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