18.8.13

O nosso Fausto

Não sei se será aceitável misturar o Fausto de Goethe, tragédia escrita ao longo de uma vida, e com antecedentes ilustres que remontam, pelo menos, aos séculos XV e XVI, com os títeres que nos desgovernam neste século XXI.
Na verdade, o doutor Fausto, cansado da ineficácia da ciência e da alquimia, por ação de uma inebriante poção licorosa preparada por uma bruxa, a mando  do criado-e-senhor Mefistófeles, passou «a ver em cada mulher uma Helena», no caso particular uma Margarida que, depois de seduzida e rejeitada, qual Eurídice, resiste a sair da masmorra em que se encontra à espera do juízo final.
No caso português, creio que o argumento será um pouco diferente: cansado do amor e da manta rota (que diacho!), o nosso Fausto terá negociado com Mefistófeles o regresso à escola, à procura da poção mágica que lhe permita ganhar as eleições - todas as eleições!
Será por isso que acabo de ouvir que, entre Agosto e Setembro, o nosso Fausto fará no mínimo três «rentrées». Começou no calçadão do Pontal, vai passar pela Universidade de Verão de Castelo de Vide (?) e quanto à 3ª «rentrée», não sei bem, mas sei que já em 2012, ele também se tinha deslocado à universidade sénior da Portela...

Este não será o momento para me queixar, mas também não entendo a preferência pela palavra «rentrée» num país que despreza oficialmente o ensino das línguas estrangeiras, e, sobretudo, a aprendizagem do francês. Pelo desempenho que já lhe ouvir, o nosso Fausto, mal sabe ler a língua de Molière e de Racine.
Finalmente, é preciso ser muito cábula e lento para no mesmo ano letivo fazer três «rentrées». Melhor seria que o nosso Fausto tivesse seguido o exemplo do doutor Fausto... Pelo menos, acabaríamos livres de Mefistófeles!  

Sem comentários:

Enviar um comentário