10.12.12

A Lua de Joana e a responsabilidade da narrativa

I- Enfim, longe de querer criticar  a autora da LUA DE JOANA, pois  a obra continua a ter boa receção,  há, todavia, uma constante que irrita: a responsabilidade é sempre dos outros - dos pais excessivamente ocupados com o trabalho, dos "dealers", das más companhias... Levando à letra o pensamento de Sartre, l'enfer ce sont les autres!... 
E quando se discute a tendência, os argumentos dos jovens viram-se sempre contra as opções dos pais - poderiam trabalhar menos horas, estar mais presentes, dialogar mais. Mas será verdade? É fácil pensar que o conforto cai do céu!, que as palavras seriam aceites!, que a simples proximidade é dissuasora!
E é este lado da narrativa que é preocupante: os jovens morrem de overdose porque querem experimentar o interdito ou porque se sentem desacompanhados? Os mesmos jovens que argumentam que é possível experimentar o veneno de forma controlada só para ver os caminhos trilhados pelos trágicos amigos... Defendem a responsabilidade da iniciativa, mas atiram para o outro a responsabilidade do desfecho... o pai, médico, que no fim lastima amargamente não ter estado presente é, certamente, o mesmo que esteve à cabeceira de muitas vítimas irresponsáveis!
A narrativa que seduz pode ser um veneno que corrói a mente das Luísas ou das Bovarys e dos adolescentes que, ano após ano, vão balançando nas "Luas de Joana"...
( O discurso sobre a responsabilidade deve libertar-se definitivamente do estigma da culpa!)

II - Quem diria que Sócrates iria voltar precisamente por causa da narrativa! E claro com a sua narrativa, contra a narrativa da direita: Cavaco, à cabeça; Passos e Gaspar, a seguir; José Seguro, finalmente. Este último, por omissão. O que significa que Sócrates nem sequer lhe reconhece que Seguro tenha narrativa... 

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