29.10.12

Dia XXV

I - Em Interlúdio VIII, o apelo à descrição do aparelho de pesca visa desenvolver a objetividade e o espírito crítico, e, simultaneamente, alargar o léxico, no caso das "artes de pesca", e a construção de texto. Hoje, para além dos dicionários e glossários, há outras ferramentas, em particular, de imagem que podem ser bons auxiliares de trabalho.
 
II - No que refere à correção do teste (1a), foram detalhados os seguintes itens: 
a) o retrato como meio de imortalizar os que se distinguiram por ações em favor da humanidade, ou mais comummente, de algum grupo (Agustina) ou, desde o romantismo, como forma de subversão da referida ideia... até que a fotografia chegou...
b) o pretérito perfeito, semanticamente esprime ações concluídas, sem impacto no momento da enunciação (anterioridade);
c) o recurso à 3ª pessoa na construção de um autorretrato (Manoel Bandeira) como forma de distanciamento do sujeito de enunciação - o poeta desajeitado, provinciano e sem espiritualidade terá ficado para trás...
d) a necessidade de valorizar o vocabulário escolhido pelo autor, de modo a não cair em erros de interpretação - «tísico profissional» ...
 
III - Excertos dos capítulos IV e XIV de Amor de Perdição. O narrador caracteriza Teresa, distanciando-se da heroína, pois esta era um produto de sociedade manhosa e hipócrita, dominada pelas convenções... e neste caso, Teresa obedece ao padrão literário da época - pronta a tudo sacrificar por amor (ou será por desafio à autoridade paterna?). Por outro lado, no capítulo IV, o narrador instala-se na 1ª pessoa, conduzindo um diálogo irónico com "os finos entendedores" e chegando ao ponto de brincar com o leitor, embora espere a sua cumplicidade: «Diz boa gente que não, e eu abundo sempre no voto da gente boa.»  
No XIV capítulo, a narrativa recria um diálogo dramático entre pai e filha, em que a tensão dramática vai crescendo... com vitória de Teresa, apesar de não devermos esquecer as palavras do narrador: «os melhores fins se atingem por atalhos onde não cabem a franqueza e a sinceridade.»  
Em pano de fundo, continua o diálogo inaugurado por Rousseau entre Natureza e Sociedade ( o mito do bom selvagem).

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