31.5.11

Da tristeza…

Tal como Psamenita, rei do Egito, olho, não para Cambise, rei da Pérsia, porque essa “estória” há muito saiu da memória, mas para as lágrimas silenciadas das vítimas da maré de soberba e de pesporrência que não cessa de crescer, e interrogo-me se os olhos secos não são, afinal, a expressão de uma tristeza anoitecida…

Porque, na realidade,  ainda há por aí muita tristeza luminosa – olhos  que sorriem de pudor; suspiros desesperadamente castos, vozes cadentes e assassinas, mãos fugidias e rapaces, azuis e castanhos inefáveis…

E eu começo a acreditar que o humor negro só existe  nos olhos secos daqueles que, à contenda e à intriga, preferem o silêncio do caminho e a solidariedade das vítimas…

A esta hora, os candeeiros tingem de amarelo os ramos exóticos que sobre mim balançam, e os pássaros contam a estória dos reis da Pérsia e do Egito. Por mim, tudo bem! Vou ficar a ouvi-los porque eles merecem… 

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