25.10.08

Salvo erro...

«Quando é que foi feita a avaliação de professores? Nunca no passado. Esta é a primeira vez que está a haver. (...) Mas a verdade é que, neste momento, já mais de, salvo erro, 17 mil professores foram avaliados. Desses 17 mil, 7% foram classificados com "muito bom" ou excelente". Uma das coisas que pretendíamos era isto: distinguir o mérito, o esforço, os melhores.» Primeiro-ministro de Portugal, DN, 25 de Outubro de 2008.

Eu até posso concordar com o voluntarismo, mas discordo dos factos.

Primeiro: no passado houve avaliação - os professores submeteram-se, ao longo dos anos, ao modelo aprovado pelos diversos governos de Portugal, antes e depois de 1974. De facto, a maioria dos professores foi sendo classificada com satisfaz, gerando um imobilismo que sempre agradou aos ministros das finanças; apenas uma minoria via ser-lhe a atribuída a classificação de bom, depois de suar as estopinhas, já que era necessário descobrir "testemunhas abonatórias" que só se disponibilizavam se o presidente da Secção de Avaliação tivesse alguns "conhecimentos", em regra, no Ensino Superior. A bonificação, em termos de progressão na carreira docente, dependia da atribuição de 2 bons consecutivos ( de 4/5 em 4/5 anos) ou, então, da conclusão de um mestrado ou de doutoramento, na área de Educação ou de docência. Como é que o Estado distinguiu o esforço dos professores que, pelo esforço e mérito, progrediram mais depressa na carreira? Onde é que eles estão? A fazer o quê?

Segundo: Se a classificação de insuficiente não era atribuída, era porque, de facto, o M. E., descurava por inteiro essa realidade.

Terceiro: Os 17 mil professores foram avaliados. Acredito. Mas como? Será suficiente ser assíduo e cumprir as tarefas atribuídas pelo presidente do Conselho Executivo? Como é que, em 2007/2008, com base nos referidos critérios, os Senhores Presidentes conseguiram distinguir os "bons" dos "muito bons" e dos "excelentes"? E o que é que aconteceu às outras duas menções? A estatística parece ignorá-las?

Quarto:Como é que, até ao momento, foi reconhecido o mérito dos professores "excelentes"? Será que não lhes acontecerá o mesmo que aos "bons" do sistema de avaliação anterior?

Finalmente: Desconfio que está para nos acontecer o mesmo que ao professor Henrique Sapardo de Domingo de Lázaro, de Aquilino Ribeiro:

« O meu amigo reitor continuava no seu posto, eu é que fora rasurado como dispensável. O sicofanta literário, que se emboscara no ministério por trás dum rufador de caixa, assim o decretara. Aquilo era para ele, para os amigos e apaniguados da situação. Depois que regalo para um homem pequeno que se dê conta dele, ainda que seja pelo mal que faz!? Podia lá perder-se a ocasião de ofertar este sacrifício sádico à personalidade?»

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