15.7.07

A propósito de um pedido de desculpa…

Num país com tão pouca vontade de trabalhar, como é possível obter boas classificações em disciplinas que exigem método, disciplina e sacrifício?

Num país em que os poucos que se esforçam se vêem condenados ao desemprego ou, na melhor das hipóteses, a empregos precários e mal remunerados, o que é que podemos dizer aos jovens que se prepararam para os exames, estudando os conteúdos mais árduos, e que acabaram por ver defraudadas as suas expectativas?

A fraude começa no 1º exame e repete-se até ao final da licenciatura. Uma licenciatura que, entretanto, deixa de o ser… é apenas o 1º ciclo de um processo inventado para alimentar clientelas. E essas clientelas são cada vez mais constituídas por políticos analfabetos! Clientelas que distribuem as prebendas e as comendas entre si.

Há anos que os exames não separam o trigo do joio!

E agora ainda inventaram o critério de avaliação que permite aferir da qualidade do trabalho do professor pela comparação entre as classificações atribuídas por si e as dos colegas da mesma escola e, sobretudo, pela comparação com os resultados dos exames finais. Como é possível comparar o trabalhador honesto e responsável com o que vive da fraude?

(Imaginemos que, numa 6ª feira, às 19 horas, necessito de atravessar a Ponte 25 de Abril (?). Parto da Praça de Espanha, três faixas de rodagem – só a central dá acesso à Ponte. Cumpro aplicadamente o código. Só por volta das 20:15, ultrapasso a portagem. Entretanto, à direita e à esquerda, automóveis, autocarros furam, velozes, e gastam menos 30 minutos do que eu a atingir o mesmo destino.) Terá valido a pena ter estudado e aplicado o código da estrada? Em Portugal, não. Para os Ministérios da Educação e do Ensino Superior, também não!

Todos sabemos que a fraude existe em todos os sectores da vida nacional e, na área da educação, ela assume proporções incontornáveis. O polvo deixou de estar escondido e os seus tentáculos, oportunistas e ignorantes, movem-se continuamente asfixiando a presa.

 

2 comentários:

  1. Boa noite!

    Adorei este texto, penso que concordo com o seu ponto de vista. Digo que penso, porque não tenho uma opinião completamente formada em relação aos exames.
    Devo dizer que adorei a expressão:
    "Há anos que os exames não separam o trigo do joio!"
    Concluindo, gostaria de saber se tem alguma sugestão para conseguirmos separar o trigo do joio.

    Muitos Comprimentos
    Um(a) Aluno(a)

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  2. Eu também acho, plenamente de acordo. Resta dizer que sentados atrás no carro, iam três brazucas que diziam que era igualzinho ao que se passava no Brasil. Que coincidência interessante!

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