23.6.07

Os tanques não são muito diferentes!

O filme da checa Vera Chytilova, Qualquer Coisa de Diferente (1962), procura responder à pergunta: "Que sentido tem - se é que existe um sentido - sacrificar tudo a um objectivo cujo valor é frequentemente imaginário e que não estamos mesmo certos de atingir?"
A resposta ortodoxa, mas primaverilmente irónica, diz-nos que o sacrifício da ginasta Eva Vosakova é compensado pela triunfo esmagador, pelo reconhecimento público e oficial. No entanto, no pódium soviético só há lugar para a campeã... não há medalhas nem de prata nem de bronze!
Num plano mais burguês, a outra protagonista, Vera, a dona de casa, ignorada, desforra-se nos amantes, para, no final, se reconciliar com o marido, também ele a viver uma aventura. Neste filme, o que parece diferente torna-se ortodoxo: Eva Vosakova prepara uma nova ginasta, aplicando a mesma metodologia que o seu professor; Vera, depois de uma cena de vitimização, "refaz" o lar...
A fuga - Qualquer Coisa de Diferente - é anulada antes de os tanques soviéticos invadirem Praga...
(Depois de ver este filme, fiquei a pensar se ainda faz sentido sacrificar tudo a um objectivo, tendo em conta que, a qualquer momento, os "tanques" podem esmagar-nos, em nome de um pragmatismo económico-financeiro para o qual a história pessoal e colectiva deixou de fazer sentido.)

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