21.5.07

A Notícia escondida...

Casa da Lusofonia inaugura espaço aberto a culturas 10-05-07 "A Casa da Lusofonia, um novo espaço de cultura, em três pólos, vai ser inaugurado em Lisboa no próximo dia 12 de Maio. Trata-se de uma iniciativa da organização não-governamental Etnia - Cultura e Desenvolvimento com o apoio da Escola Secundária de Camões, da Junta de Freguesia de S. Jorge de Arroios e conta com o apoio de instituições portuguesas e brasileiras. Haverá uma sessão formal de inauguração com visita às instalações seguida de um jantar com a gastronomia tradicional dos países da CPLP. E, segundo um dos seus promotores, Vladimiro Cruz, da Etnia, o objectivo é que haja uma Casa da Lusofonia em Cabo Verde, na Guiné-Bissau, Brasil e demais países de língua comum. A participação no espaço será efectuada mediante determinados critérios e condições patentes no Regulamento de Funcionamento da Casa da Lusofonia, que está em preparação e que será publicado brevemente. A Etnia é uma associação que tem parcerias com diversos paises, nomeadamente o Brasil, e tem desenvolvido programas de comunicação, cinematográficos e de difusão da língua portuguesa, em muitos lugares, como Portugal, Brasil, Cabo Verde e Guiné-Bissau." Reacção ao artigo: Manuel Gomes "Casa da Lusofonia inaugura espaço aberto a culturas" Não deixa de ser perturbador que o corpo docente da Escola Secundária de Camões não tenha sido informado da cedência das "Caves", nem da parceria negociada com a Junta de Freguesia de S. Jorge de Arroios e com a ONG "ETNIA", sob os auspícios da CPLP e das autoridades portuguesas (Quais?).Quem quer explicar o secretismo da iniciativa?
Notas soltas:
1. "De ascendência cabo-verdiana e nascido na Guiné-Bissau, o autarca João Taveira mostrava, entusiasmado, às perto de 200 pessoas que o seguiam na visita às catacumbas do emblemático Liceu Camões, agora escola secundária, o espaço farto, mas ainda nú, onde crescerá a “Casa da Lusofonia” na capital portuguesa. Este projecto inédito da “tal” sociedade civil, de quem muito se reivindica em discursos oficiais, mas quando surgem e se não forem auto-sustentáveis, acabam caindo sozinhos ou, senão mesmo, atrofiados por quem explorou a sua criatividade ou dela usufruiu."
2. "Luis Fonseca, secretário-executivo da CPLP, considerou “consistente” esta iniciativa da sociedade civil, contrariamente a outras que têm aparecido mas que se diluem, naturalmente, sem meios. O ex-secretário de estado brasileiro da cultura, Paulo Miguéis, antigo “braço direito“ de Gilberto Gil, notou ser esta uma “aventura que mudará a vivência dos portugueses”. Defende um conceito novo de cultura: “É preciso levá-la aos locais e deixar que a cultura não seja apenas dos que lêem muito, mas também de iniciativa de gente simples. Através das suas actividades estar-se-á a desenvolver a cultura e língua comum”, disse, exemplificando que preservar o ambiente é um acto de cultura. Observou ser necessário um trabalho árduo de mecenatos e patrocinadores, à semelhança da empresa brasileira Telemix celular que aderiu a este projecto e lançou já um concurso lusófono, do melhor filme por telemóvel, a enviar até Setembro, para www.telemix@celular.br"
3. Mário Alves, responsável pela “Etnia” e companheiro de carteira de João Taveira neste mesmo liceu, instituição-referência onde estudaram destacadas personalidades - o escritor Manuel Lopes foi uma delas - explicou que a Casa da Lusofonia é parte de um projecto cuidadosamente elaborado que já vem desde 2004 e que foi apresentado em Bissau no decurso da Cimeira Cultural da CPLP, e que foi uma consequência das muitas iniciativas, que esta organização não governamental tem feito no Brasil.
4. Fonte das notas soltas: otilia.leitao@gmail.com
PS: A CPLP quer promover um novo conceito de cultura - a cultura do lugar... sem leitura! Por isso os responsáveis pela iniciativa não estabeleceram qualquer contacto com aqueles e aquelas que, sob a égide de Camões, promovem diariamente a leitura da lusofonia. Bem poderiam ter aproveitado a cratera que deixaram aberta, junto ao Palácio dos Alfinetes, em Marvila. Uma cratera em que, há uns anos, uma criança morreu afogada. Que os arroios, revoltos, não nos afoguem a todos!

2 comentários:

  1. Estou há dez minutos de boca aberta!
    Se calhar já não sou docente no Camões, mas noutra escola qualquer!...

    Provavelmente vivo no mundo do irreal!
    Mas... ainda hoje dei aulas na sala 40, observei a chuva a escorrer das folhas dos plátanos, no Pátio Sul, e ouvi o chilrear da passarada.

    Será que sonhei??

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  2. Ora junte-se ao clube, professora.
    Não como professor, mas como aluno, estou também chocado.
    Ou melhor, sinto-me ultrajado. Haverá com certeza alguém a perguntar porquê. Porquê?!

    Se o que aqui dito é da mais pura verdade, estou profundamente triste. Não aquela tristeza de amor, aquela tristeza de saudade, mas aquela que sentimos quando vemos que algo está mal, quando algo de quem fazemos parte não funciona, ou até mesmo quando fazemos parte de algo e nem nos falam para debater.

    Já me faz lembrar de um tema que tanto tem assombrado o nosso quotidiano nestas últimas semanas (para não cair no exagero de dizer meses), a Ota.
    Pois bem, tanto num caso como no outro (se bem que os planos onde estão inseridos sejam um pouco diferentes), a atitude foi exactamente a mesma: não houve uma exposição nem debate público. Agora pergunto, mas onde estamos nós? Num Portugal pré-25 de Abril? Numa democracia (que se diz estado de direito) ou num estado em que tudo se faz "por debaixo da mesa"? Num Portugal onde temos direito à opinião, ou num país onde somos obrigados a acatar todas as ordens superiores, sem direito a discordar? Se sim, meus amigos, digo então com toda a firmeza:
    tenho então vergonha de ser Português.
    Tenho vergonha de pertencer a este Portugal corrupto e calado, onde só sabemos das "novidades" pelos Media. Não é esta a ideia que Estado que concebo.
    Falo por mim. Mas também pelos outros. Por todos nós.
    Quero um Estado onde se discutam as coisas antes de serem aprovadas, decididas ou outra coisa qualquer.
    Quero um Estado onde cada um de nós tenha um papel interveniente.
    Quero um Estado onde o rico ou o pobre tenha direito a decidir.

    Quero um Estado, bem sei, utópico.

    Saudosos Cumprimentos;
    Filipe Guedes Ramos

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