17.8.06

A hipoteca

Quando o tempo começa a escassear, insistimos em olhar para trás, procurando ansiosamente uma explicação para as fragilidades do presente.
Um meio inculto, uma família analfabeta, o caciquismo ignóbil, um pai ausente, uma mãe autoritária, uma avó fantasmática... tudo nos serve para justificar os projectos inacabados, as relações fracassadas...
Passamos a preferir às incertezas do presente e aos medos do futuro as certezas (re)construídas do passado. Damos a vida por elas - as certezas -, hipotecando definitivamente o pouco tempo que nos resta...
Estranhamente, abdicamos de viver... e nem sequer o fazemos como forma de preparar uma outra aurora, essa, sim, primaveril e gloriosa!

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