16.7.06

Problema II

I - "Há que evitar que aqueles alunos que leram os autores indicados pelo Programa de Português possam ter melhores resultados do que aqueles que se limitaram a preencher formulários, a fazer relatórios, a digitar mensagens electrónicas, a desrespeitar os colegas e os professores, a faltar às aulas, a anular a matrícula. E porquê? Porque os primeiros podem ter memorizado os conteúdos sem nada terem compreendido." (Pensamento cavo do presidente da Associação de Professores de Português)
Na perspectiva deste singular teórico do ensino da língua portuguesa, os autores da lusofonia (poetas, romancistas, dramaturgos, ensaístas) são uma maçada que tolhe a inteligência da nossa juventude.
Tal como as nossas escolas merecem um novo modelo de gestão, a APP merece uma direcção orientada para o ensino e para a aprendizagem da língua (sem escamotear a cultura e a literatura lusófonas!), mais preocupada com a formação dos professores...
Não podemos ignorar que o futuro de Portugal passa pelo território da lusofonia. E só conhecendo a alteridade lusófona, poderemos ser aceites como parceiros na construção do futuro.
II - Retomando o Problema I
Quem é que, desde 1974, recusa que as escolas sejam dirigidas por gestores profissionais, enquadrados por um conselho escolar (pedagógico, técnico e administrativo) que trabalhe para que os alunos tenham efectivo sucesso escolar?
Quem é que, em vez de avaliar e corrigir as causas do insucesso educativo, forçou uma revisão curricular posta em causa desde o início? A quem é que serve a actual revisão curricular?
Quem é que dá a mão a Associações espúrias que, em nome de uma globalização paroquial, aposta num conjunto de competências mínimas que impedem que o aluno tenha sucesso escolar e, sobretudo, sucesso na vida?
Quem é que, nos últimos 30 anos, entregou a formação de professores dos ensinos básico e secundário a instituições incapazes de formarem os seus próprios docentes? A formação de professores foi entregue às Escolas Superiores de Educação que rapidamente ocuparam terenos que não eram da sua competência. Foi entregue a departamentos que germinaram nas Universidades, mas que nunca foram avaliados. A formação, nos dois casos, está entregue a professores que desconhecem o terreno que os formandos terão que pisar. Universidades e Institutos privados 'formaram' milhares de professores, sem qualquer enquadramento legal. Muitos dos formadores não eram sequer profissionalizados. Tal como acontece com os mestrados e os doutoramentos em curso, os candidatos a professores eram admitidos desde que pagassem as propinas - o famigerado auto-financiamento do ensino superior tem vindo a gerar prejuízos incalculáveis para as futuras gerações.
III - Algumas soluções
  • Acabar com a separação entre os ministérios da educação e do ensino superior...
  • Criar gabinetes de estudos no interior do ministério da educação.
  • Mudar o modelo de gestão das escolas, reduzindo as estruturas directivas.
  • Alterar o modelo de formação de professores, criando três ciclos de formação: pré-escolar, 1º ciclo e 2ºciclo; 3º ciclo e secundário; ciclo superior.
  • Apetrechar as escolas com os equipamentos necessários ao funcionamento de cada curso.
  • Não abrir cursos em escolas onde faltem recursos humanos e materiais.
  • Acabar com a promiscuidade entre o ministério da educação, as associações de professores, os sindicatos, as editoras de manuais escolares...
  • Acabar com qualquer tipo de acumulação, remunerada ou não.
  • Diferenciar remuneratoriamente em função dos cargos desempenhados.
  • Criar um modelo de avaliação do docente que tenha em conta o seu estado físico e mental, a sua eficácia pedagógica e não a idade.
  • Evitar todas as medidas avulsas...

Sem comentários:

Enviar um comentário