10.3.18

Uma pessoa normal ou um narcisista angustiado?

Segundo os investigadores, uma pessoa normal usa cerca de 16 mil palavras por dia, sendo que aproximadamente 1,400 são pronomes na primeira pessoa do singular, tais como "eu" ou "mim". Alguém que fala de si próprio em demasia eleva este número para quase 2 mil pronomes por dia. Narcisismo ou angústia?

Uma 'pessoa normal' utiliza 16 mil palavras por dia? Tantas? 
Este critério parece-me extremamente exigente... Resta saber se o estudo eliminou as palavras repetidas. É que se tal acontecer, então o número de 'pessoas normais' diminuirá drasticamente.... O que me deixa angustiado, pois, de verdade, não sei se sou uma pessoa normal - ignoro quantas palavras utilizo por dia, oralmente, por escrito e por emitir... Há coisas que nos recusamos a dizer ou a escrever se formos 'normais', com evidente prejuízo....
Finalmente, neste post já utilizei três pronomes pessoais e omiti seis - basta contar as formas verbais de 1ª pessoa... o que faz de  mim um narcisista angustiado... afinal, passo os dias a falar de mim, preocupado em esconder a minha anormalidade...

9.3.18

O Ano da Morte de Ricardo Reis

A peça agrada ao público jovem, sobretudo àquele que está com dificuldade em ler o romance de José Saramago. A adaptação é sóbria, à exceção da personagem de Fernando Pessoa e, sobretudo, caracteriza bem a situação política em Portugal e na Europa, no ano de 1936.
Em termos de espetáculo, e quanto à personagem sorumbática e discreta de Fernando Pessoa, compreende-se que esta tenha perdido esse pendor. O desenho deste Fernando Pessoa é, contudo, autorizado pela fina e, por vezes, sarcástica ironia do narrador...
No entanto, um leitor do romance "O Ano da Morte de Ricardo Reis" que esteja à procura de uma adaptação fiel a uma certa memória de Fernando Pessoa, pode sair do Cinearte zangado... e isso, hoje, aconteceu... E não fui eu!

8.3.18

Já só falta o garfo...

Há quem se espante, mas não sei porquê...
Quando se trata um assunto com ligeireza, uma vez, compreende-se, mas quando a superficialidade se torna regra, há que cortar o mal pela raiz...
Infelizmente, somos cada vez mais complacentes. Resignados, seguimos caminho... e ainda nos pedem um sorriso... um sorriso condicionado...
Talvez amanhã o sorriso seja natural
                                                           sem ponto nem vírgula...

7.3.18

Um tal guardador de rebanhos!

À medida que as horas se esgotam, sinto que não faz sentido preocupar-me com o futuro, a não ser o dos jovens... Mas como?
Ensiná-los a ser Pessoa ou pessoas poderia ser o caminho. Se a alusão não vos escapa, pensareis, talvez, que Pessoa era uma pessoa, mas a verdade é que não é certo, pois a sua originalidade resulta dessa demarcação - da fuga à humanidade por causa da bestialidade das pessoas...
Pessoa inventou-se a si próprio, indiferente aos deuses, e só por acidente sebastianista - fraqueza de quem, ao desbaratar a inteligência, passou a necessitar de um pastor.
Um tal guardador de rebanhos!
E mesmo esse preferia os pensamentos às ovelhas... Embora ele diga que as olhava com um estremecimento, ele bem sentia que essa fraqueza dos sentidos era uma cedência imperdoável...
Ensiná-los a ser Pessoa, mas como, se querer ser Pessoa é abdicar de ser pessoa? Aprender com Pessoa? Sim, mas cientes de que aquele foi o caminho dele, só dele... e que é tempo de o deixar fazer as pazes com a avó Dionísia... 

6.3.18

Não há Citius que lhes resista!

Um país reduzido a um assessor jurídico - um jurista toupeira. Ao serviço de quem? Dizem-me que do Benfica. 
Em termos militares, as toupeiras caracterizam-se pela sua capacidade de infiltração nas linhas inimigas...
Desconfio que esta toupeira começou por se infiltrar no Benfica para servir as linhas inimigas...
Só que parece que o alvo estratégico de Paulo Gonçalves era o Portal Citius...
Uma vez lá dentro, entra-se no melhor dos mundos...

Dizem-me que a toupeira é um mamífero insectívo comum no nosso país... 

5.3.18

Com tais exemplos...

Na China, está aberto o caminho da eternização do líder. Na Rússia, há muito que Putin descobrira como romper com a efemeridade. Nos Estados Unidos, Trump não quer ficar atrás... Na Alemanha, a senhora Merkel procura uma solução governativa definitiva. Em Itália, os italianos votam no caos...
Por cá, o poder é um trampolim para o enriquecimento a qualquer custo... Santana vai gerir uma Fundação que ele próprio acolheu na Santa Casa...
Finalmente, Passos Coelho vai ensinar, dando razão à tradição: - quem não sabe fazer, ensina! O problema é que, neste caso, nós vamos pagar-lhe um ordenado equivalente ao de um professor catedrático. Nem sequer se inscreveu na Sorbonne, como fez o colega Sócrates... talvez porque não tivesse um amigo magnânimo...
Não me interessa se necessitou de 10 anos para concluir uma licenciatura de 5 ou 3 anos, o que me preocupa é o mau exemplo.
O que me preocupa é que, com tais exemplos, já não sei o que replicar àqueles alunos que se vangloriam de não lerem um único livro...

4.3.18

A gata

As persianas cerradas e já a gata perscruta o melro que chilreia alegremente no topo do poste de iluminação. Não diz nada mas espera que a rotina lhe abra o horizonte para que possa seguir o voo das aves ou com elas...
E se alguma se aproxima do parapeito do 12º andar, agita-se e corre num encalce ilusório pois a vidraça continua fechada...
E ainda bem porque esta gata não aprende, apesar da experiência, a antecipar as consequências do voo felino. 
A gata. Os gatos.
Só eu procuro não me agitar de cada vez que o sol irrompe, porém a antecipação de nada me serve.