30.10.17

Não vou arregaçar as mangas!

Não vou arregaçar as mangas! Já ando com elas arregaçadas há demasiado tempo...
Agora que até a Igreja pede que chova é que o Presidente quer que arregacemos as mangas, o homem parece andar de candeias às avessas...
Não sei se a Igreja ainda organiza retiros, mas seria bom que o fizesse e convidasse o senhor Presidente, não para perorar, mas para meditar em silêncio...
No caso, talvez chovesse e eu me visse obrigado a arregaçar as calças.

Entretanto, parece que os revolucionários catalães já andam a tratar do estatuto de refugiados políticos em Bruxelas. Esses nem necessitaram de arregaçar as mangas... Em Bruxelas, quem diria! Ainda se fosse na Coreia do Norte!

29.10.17

E se o edifício do Liceu Camões vier abaixo...

O Diretor teme que as obras só tenham início em 2019. 
Eu temo que o OGE 2018 esqueça mais uma vez o edifício do Liceu Camões. Provavelmente, lá constará uma verba  de 350.000 euros para estudos e projetos!
Há quantos anos andamos em estudos e projetos? Quanto é que já foi gasto em estudos e projetos? Há sempre alguém a ganhar com este tipo de impasse!

E se, entretanto, o edifício vier abaixo com inevitáveis perdas?
Lá teremos a ladainha costumeira. De pouco servirá, então, apurar responsabilidades, indemnizar quem de direito...
A responsabilidade é de ontem, é de hoje. Espero que não venham a responsabilizar o arquiteto Ventura Terra, pois, ao contrário do que pensa o atual Presidente, a culpa não é do país, é do estado que não cuida do nosso património...

E se os governantes não estão à altura, o melhor é dispensá-los...

28.10.17

"Fraternidade" federal

Embora haja quem insista que é necessário defender a identidade cultural, a verdade é que a cultura sempre foi de quem dispõe de ócio bastante, vivendo à custa do trabalho alheio...
A cultura, por mais que se valorize a sua dimensão popular, é um feudo dos ricos, apesar de, ultimamente, muitos revelarem um grau elevado de ignorância...
Um homem culto acaba de defender que a Espanha deveria criar um estado federal de modo a estancar a vontade independentista - leia-se a vontade do patronato rico, da alta burguesia e de uma comunicação social ávida de sangue...
O povo, claro, também sai à rua. Mas esse, já se sabe, ama a festa da rua. Só mais tarde é que se apercebe que a sopa continua a ser a mesma, do lado de fora do castelo...
Esse homem culto esqueceu-se, no entanto, que a haver um estado federal na Península Ibérica, nem a identidade cultural nos salvaria da "fraternidade" federal...
Cada um sabe de si! Ou talvez não!
De facto, a vassalagem dos últimos dias a Castela parece-me excessiva...

27.10.17

Equânime / assossec

«Aguardo, equânime, o que não conheço -
Meu futuro e o de tudo.
No fim tudo será silêncio, salvo
Onde o mar banhar nada
Ricardo Reis

Uns estão eufóricos com a nova República da Catalunha, outros, tristes... Quantos? Não sei.
Uns estão eufóricos com o novo Estado Catalão, outros, tristes... Quantos? Não sei.

Só sei que a República proclama-se, e simbolicamente é expressão de atualidade.
Quanto ao novo Estado, será mais difícil construí-lo... e há por aí tantos Estados falhados, a começar pelo Português.
Afinal, no momento, o Estado Catalão é expressão de virtualidade...

Entretanto, surgiram dezenas de comentadores a apelar ao respeito pela Lei. Qual?
- No fim tudo será silêncio, salvo / Onde o mar banhar nada. 

26.10.17

Presentismo e absentismo

La expresión presentismo laboral, que define el hecho de pasar más horas en el lugar de trabajo de las exigidas por la jornada laboral, en muchos casos por temor a perder el empleo...


O número de baixas em Portugal é assustador, embora ninguém conheça a sua verdadeira dimensão... Porquê? 
Consta até que o Estado quer poupar 60 milhões de euros, em 2018, reduzindo significativamente o número de baixas fraudulentas. Mas como?
Por outro lado, há quem permaneça mais horas no local de trabalho do que as contratualizadas, mas  pouco ou nada fazendo. Não sei se por moto próprio se por decisão das chefias... Ou será por medo de perder o emprego?

De qualquer modo, gostaria de conhecer a verdadeira motivação de Jean P.

Um funcionário de um supermercado Lidl em Barcelona foi despedido por trabalhar horas... a mais. Jean P. foi dispensado por que entrava mais cedo ao serviço, para preparar a loja para a abertura, e violou as normas da companhia.
Segundo a investigação da empresa alemã, às vezes Jean chegava ao local uma hora antes do relógio de ponto acordar. "Fazia encomendas, mudavas preços, repunha prateleiras inteiras de artigos", lê-se na carta de despedimento a que o jornal "El País" faz referência.
Durante uns dias em abril deste ano, a empresa observou o comportamento de Jean. Através das imagens de videovigilância, concluiu que chegava à loja entre "49 a 87 minutos" antes da hora para trabalhar, sem registar o tempo de trabalho fora de horas.
Este comportamento é contrário à norma "cada minuto que se trabalha, paga-se e cada minuto trabalhado deve ser registado", argumenta a empresa na carta de despedimento, fundamentada em "incumprimentos laborais graves". Despedimento

Pelo que me diz respeito, vou passar estar mais atento à minha tendência para passar mais tempo no local de trabalho do que aquele a que legalmente estou obrigado e, sobretudo, vou começar a cronometrar o tempo que gasto em casa com a atividade profissional...

25.10.17

O piolho

Antigamente, havia quem procurasse deliberadamente o piolho, não porque não houvesse mais lugares na sala de cinema, mas porque lá certas liberdades eram toleradas...
Hoje, voltei a lembrar-me do piolho ao verificar que certos jovens avançam decididamente para a última fila da sala de aula...
Do que lá se passa, o melhor é não averiguar. 
Tal como outrora, estes jovens não gostam de ser incomodados e não sentem qualquer remorso se incomodarem os restantes...

24.10.17

Quão diferente seria...

O que me surpreende não é que o CDS apresente uma moção de censura ao Governo ou que Costa ande a dar emprego aos amigos, a mim, o que me surpreende é que, ao abrir a porta de um prédio na Rua Tomás Ribeiro, Lisboa, esperando que entrem três pessoas, uma delas tenha parado diante de mim e me tenha perguntado se eu habito naquele prédio e se não me chamo Manuel Cabeleira Gomes - assim, de súbito, exclamando para a filha: - Olha, este senhor foi meu professor há 40 anos, em Mafra! Foi meu professor de Literatura Portuguesa!
Olhei-a e procurei, no seu rosto de senhora de mais de 50 anos, traços da adolescente de antanho e fiquei com a sensação que conseguia recordá-la, jovem adolescente, atenta e, sobretudo, com uma enorme vontade de aprender...
E fiquei a pensar naqueles jovens de hoje que, desatentos e desinteressados, não chegam a saber o nome dos professores, quanto mais o meu!
Quão diferente seria, profissionalmente falando, para deixar impressão tão duradoira nos jovens daquele tempo! Que pena que eu tenho que a minha memória não guarde, pelo menos, os rostos de todos aqueles que sempre manifestaram vontade de ir mais além!