6.5.17

Arrendatários

Amoreira na Praça do Império
Tudo se encaminha para que não passemos de arrendatários em risco. Se não pagarmos pontualmente a renda, seremos eliminados e, pior ainda, os nossos produtos serão riscados do mundo das coisas.
Somos de tal modo codificados, que, algures, um robot pode desligar-nos sem aviso prévio. Por vezes, parecemos a formiga que calcamos inadvertidamente e que, sem remorso, sacudimos da sola do sapato...
A desumanização está em curso! Talvez seja por isso, dizem, que há tanta gente voltada para Fátima, embora desligada de Deus.

5.5.17

Comé qui vai a moenga?

A bola salta, ressalta e ainda atrapalha. Imóvel, espera a batida. Incongruente, pois a espera não é propriedade da bola! Por isso, metáfora de uma vida determinada por pulsões alheias, frequentemente de uma severidade extrema...
Felizmente, a bola não tem coração, o que a não impede de esvaziar-se e, se velha, transformar-se em meia usada em vez de trapo.
Na outra vida, a bola era, por vezes, bexiga de suíno, só que quando ressaltava não atrapalhava...

4.5.17

Pôr trancas à porta...

Quando o Salazar chegou ao poder ele criou o nome ditadura nacional e não era nada insultuoso. É bom que se tenha isto como claro. Esta história de que a democracia é uma coisa infalível, que não termina, não é verdade. Vejam o que está a acontecer na Turquia (…) Para termos a nossa soberania económica, na segurança, podemos ter que precisar de ditaduras. Rui Moreira

Pôr trancas à porta não é a melhor solução, sobretudo quando faltam os recursos próprios e os salteadores intestinos se multiplicam, sem esquecer o colossal endividamento...
Esta situação é ainda mais gravosa quando insistimos em ignorar ou em imitar o que se passa em  Inglaterra ou em França, países com muito maior capacidade de resistência à força da globalização...
Os pequenos países e os muito endividados são as maiores vítimas deste jogo entre economias abertas e economias fechadas.
A ideia de que os resultados a curto prazo da economia nacional são indicadores capazes de aferir da justeza das opções políticas é uma insensatez.
Entristece-me que haja por aí tantos portugueses fascinados com o Brexit ou com a senhora Le Pen... Assim, como vejo com maus olhos o favorecimento do corporativismo pacóvio e bafiento.

3.5.17

Pour Macron

Débat
La France mérite mieux que Marine Le Pen... mérite mieux que le retour du fascisme. Et nous aussi!

Na mesma indefinição

Se ontem não sabia o que pensar, hoje continuo na mesma indefinição. Entretanto, deixei-me consultar por um pneumologista ( pensava eu que era de medicina interna, se tal existe!)
O senhor solicitou-me uma "abordagem subjetiva" dos meus problemas, quando eu desejava que ele apreciasse os relatórios e os resultados das análises, avaliou o tamanho do pescoço, perguntou-me se eu roncava, certificou-se da minha idade e adiantou: - há 50% de hipóteses de eu acertar no diagnóstico, por isso o melhor é o senhor começar por se sujeitar a uma polissonografia no Hospital da CUF Restelo, que a ADSE comparticipa... 
A partir daí, a conversa já foi com o computador, pois este, enfadado, colapsou... Quanto ao baixo valor da vitamina D, lá foi acrescentando que, na realidade, o resultado era baixo, embora não fosse nulo(?) e que me ia receitar um produto que já tomara certamente na infância... Ainda pensei que fosse óleo de fígado de bacalhau!
Mas não! Era vigantol, 4 gotas /dia...
Em termos de subjetividade, já não sei quem leva a palma - se o médico... se o paciente!

2.5.17

Não sei o que pensar

Depois do pico polémico nos mass media e nas redes sociais em torno da cientificidade dos valores de referência da Vitamina D - 25 - OH - Vitamina D Total, que me deixou descrente visto que os kits utilizados na avaliação de amostras do mesmo sangue fornecem dados muito distintos, acabo de ser contemplado com o seguinte resultado: 9 ng/ml, considerando o Laboratório como valores de referência atualizados a 26/04/2017 de acordo com novos dados bibliográficos: 9,7-39,6.

Se bem entendi, a minha deficiência de vitamina D é severa! Mas será?
Nesta situação, proponho que os resultados das análises a que nos vamos sujeitando venham acompanhados de bibliografia devidamente atualizada. Eu, por mim, estou pronto a lê-la.

Vitamina D

1.5.17

No dia do Trabalhador

Não se pode dizer que no Dia do Trabalhador ainda não tenha feito nada. Ora vejamos! Entre as tarefas domésticas: despejei a máquina de lavar-loiça, enchi a de lavar-roupa; fui à mercearia, comprar, entre outros produtos, feijão verde que já preparei e que já está pronto a comer. Em termos sociais, dei uma olhadela às redes, onde encontrei ex-alunos e colegas - um deles, ufano, por se dedicar à recolha de microplásticos numa praia do Oeste luso; outro, fotógrafo da natureza quotidiana, partilhou uma imagem de moinhos, não os de vento de que será proprietário, mas dos outros, da energia alternativa... Tudo isto, à sombra de uma ideia, a de que o obsessivo e minucioso Kafka não terá dada conta deste lado tão doméstico e prosaico do trabalhador...
E acrescente-se que, por um impulso pouco habitual, decidi comprar o DN de ontem, onde, numa leitura global, já encontrei uma ideia que me deixou a pensar: todos temos o direito a errar, e isso não deve impedir-nos de procurar atingir os nossos objetivos, mesmo se contrários aos interesses de muitos outros, como poderá ser o caso daquela senhora francesa que agora se chama apenas Marine, e antes se orgulhava de ser Le Pen. Leonor Beleza dixit.
Vou interromper para ir tomar um café... pode ser que ainda volte ao assunto!
(...)
Afinal, o destino foi Moscavide, o que me obrigou a 35 minutos de marcha acelerada, com regresso à Portela, e passagem pela drogaria (CCP) para adquirir forra-fogão e anti-traças (2 de cada) no valor global de 11, 20 €, preço bem inferior ao do Continente, do Pingo Doce e do Suportel... e claro a uma nova ideia adequada ao Dia do Trabalhador: os sem abrigo, os sem trabalho, os precários são pessoas que não podem errar: isto é não podem comprar o DN do dia anterior, nem tomar café e, sobretudo, forrar o fogão (que não têm), nem comprar anti-traças, pois a roupa é mínima e quanto a livros, o melhor é nem pensar nisso.
E para terminar, em vez de participar nas manifs, vou regressar à leitura do romance de Jean-Paul Sartre "La mort dans l'âme", onde o domingo parisiense pode ser a semana inteira, basta que os alemães invadam a capital e os intelectuais se consolem com a ideia da construção dos Estados Unidos da Europa... encabeçados pela bota germânica. Quem diria?
E claro, amanhã, volto às intermitentes aulas, e prometo, desde já, não falar destas ideias... deixo-as para o Presidente que um destes dias nos irá visitar... com muito afeto e espalhafato...
E já me esquecia do esparguete tricolor ao lume... é que 5 minutos bastam, tal como esta prosa!