30.9.09

De regresso à labuta…

Como, actualmente,  o comentário político exige um profundo conhecimento dos bastidores, decidi deixar de falar de quem nos governa. A opacidade desagrada-me. A intriga palaciana aborrece-me e faz-me perder tempo. Mas isto não significa que passe a pertencer ao grupo dos grandes indiferentes.

29.9.09

Mau perder…

Pelos vistos o Presidente tem mau perder. Nem uma palavra sobre os resultados do acto eleitoral do dia 27! De facto, o Presidente desejava uma vitória da ordem cavaquista.
Ofendido e incomodado, lança a atoarda de que o PS o quer prejudicar e ao fazê-lo estará a prejudicar “o supremo interesse do país”. A prelecção de Cavaco ao país ( ou aos jornalistas?) enredou-se numa teia de grande inquisidor, vítima de uma cabala libertina, mentirosa e indecososa. E como os grandes inquisidores, assegurou-nos através de um discurso sibilino que o cepo espera o pescoço de Sócrates…
Cavaco aproveitou  para cavalgar a ideia daqueles que defendem que Sócrates terá que ser afastado do poder o mais depressa possível. ( E ele espera que continuem a ser muitos! De verdade, conta com a união das oposições.)
Não sei se Sócrates tem ou não telhados de vidro, mas desconfio que o Presidente (o cavaquismo) tudo fará para minar a resistência física e psicológica do Primeiro Ministro. Cavaco diz querer ser o Presidente de todos os portugueses, mas não com o actual secretário-geral do PS.
Começo a pensar que é tempo do futuro governo ajudar o presidente a completar o seu mandato, de modo a que possa descansar tranquilo em terras de Boliqueime…

28.9.09

A derrota da aritmética…

Vivemos num país que não sabe calcular. Até ao dia 26 de Setembro, o PS não passava de um partido de direita. Governava em ditadura, asfixiando a sociedade esclarecida e manipulando o povo.
Desde ontem,  o PS passou a integrar a esquerda. O Povo vota sempre à esquerda! Uma parte desse povo votou Sócrates, outra votou BE e o restante povo, genuíno, votou CDU.
No entanto, 39 %  da população não votou e outros 39% dos que não são povo votou PSD e CDS. 
O resultado global dá uma vitória esmagadora dos que por alguma razão inefável não são povo (78%) sobre a maioria de esquerda - povo des(unido) - (55%).
Sócrates vai ter que gerir esta absurda aritmética, sabendo, de antemão, que não vale a pena fingir que é povo… até porque o povo de esquerda tem horror a cuscos…
(Amanhã, Cavaco Silva revelará ao país que como alguém o tem andado a espiar, de futuro deixará de receber o 1º ministro no Palácio de Belém. E, como por enquanto não quer afrontar a maioria de esquerda saída das últimas eleições, passará a presidir mensalmente ao Conselho de Ministros, na esperança de que Sócrates opte pela cicuta.)

27.9.09

Um novo ciclo democrático…

A partir de amanhã, começa um novo ciclo democrático. Governar em tempo de crise global exige muita concertação e, sobretudo, disponibilidade dos grupos parlamentares para a construção de soluções capazes de mobilizar a sociedade portuguesa, diminuindo as desigualdades e promovendo a produção de riqueza cultural e material.

Qualquer estratégia de bloqueio que venha a ser criada porá em causa o futuro da democracia e abrirá a porta a soluções totalitárias.

Amanhã é outro dia…

Às 8 horas em ponto compareci na mesa de voto nº 10, na Portela, Loures. E votei em consciência e em liberdade! Mais diligente do que eu só a senhora presidente da Junta, candidata à presidência da Câmara que, no seu passo decidido, acompanhava idosos pontuais, mas que não sabiam em que mesa de voto deveriam colocar a “cruz”… Por ela, nenhum deles deixaria de cumprir o seu desígnio!

E votei desapaixonadamente, liberto do espírito de vingança que absorve a lucidez de uns tantos paladinos da justiça e acaba por os atirar para becos-sem-saída.

E não se pensa mais nisso. Para quê? Amanhã é outro dia e não tem que ser o último…

25.9.09

Um país atarantado…

Considerando que a abstenção poderá diminuir nestas eleições em relação às «europeias», resta perceber de que lado estão as corporações que suportam o Estado, depois de Sócrates as  ter afrontado.
Dos partidos da oposição nada há a esperar. Aos problemas e às propostas de resolução, nada disseram. E tudo leva a crer que, na próxima 2ª feira, a mesma oposição faça de conta que nada perdeu no dia 27 e, sobretudo, que o inimigo continua o mesmo.
Tal como o calor insiste em ficar durante o mês de Setembro, também, em Outubro, o país continuará o mesmo: contestatário, mas sem capacidade de resolução dos problemas que mais o afligem.

23.9.09

De regresso à 1ª República…

A comunicação social trocou o rigor informativo pela intoxicação da opinião pública. A verdade e a mentira deixaram de estar em campos opostos, de tal modo caminham de braço dado que acabam por criar um sentimento de desorientação que poderá comprometer o futuro da democracia.

Os candidatos tornaram-se inverosímeis e risíveis. O presidente da República não soube ou não quis afastar-se dos interesses partidários, perdendo muita da autoridade que lhe era reconhecida.

Externamente, o país perde credibilidade, dilui-se em contradições partidárias que hipotecam a legitimidade do Estado.

É no universo do audiovisual que se travam as maiores batalhas. Hostes de comentadores mais ou menos fanatizados manipulam / criam descaradamente factos, evidências…

A palavra, o gesto, a imagem desconcertam a cada momento, introduzem a incerteza…, tornam-nos desconfiados, descrentes, cépticos, convidam-nos a ficar em casa.

Da abstenção falar-se-á na noite de 27, mas é nestes dias que ela cresce…