15.2.09

De forma anódina…

O jornal Público promove um concurso de jornais escolares subordinado ao mote: Porque é que a política também é para nós? A iniciativa é digna de louvor, mas…

Ontem, anunciaram-nos, de forma anódina, que cada português deve 150 milhões de euros ao estrangeiro. Perante a enormidade da dívida, pensei, amanhã, o número de suicídios terá aumentado assustadoramente. É desta que o país desaparece! Mas não, hoje, Domingo, dia de descanso, tudo se mantém na mesma pasmaceira.

O que me trouxe à memória aquele(a) aluno(a) que, há uns meses, perante a dificuldade em interpretar os referentes históricos presentes num conto de Manuel Alegre, exclamou: – «se eu soubesse que o homem era político, não o  tinha escolhido como leitura

De facto, a política mediática tem afastado a juventude da causa pública; creio mesmo que nem os 150 milhões de dívida pessoal faz pensar…

Afinal, será que ainda nos sentimos filhos de uma nação?

12.2.09

A lição de Simônides de Céos

(Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira)

Sendo homem, não digas nunca o que acontece amanhã. E, se vires alguém feliz, quanto tempo o será. Rápida como o volver de asas de uma mosca, Assim é a mudança da fortuna.

Mais vale não esperar pelo amanhã. / Acreditar no amanhã é perder o dia de hoje. / Os adiados dias são desperdício inexorável./

Sentados / dedilhando /entediados / anseiam pelo amanhã / matam a Hora.

Apetece deixá-los /enredados /na desmedida…

10.2.09

Em tempo de anacronismos…

Há no ar uma enorme mistificação. À maneira romântica, constrói-se o anacronismo: depois do Salazar asceta, o Salazar libertino!

Vira-se o tempo do avesso e gera-se um Salazar ao gosto da nova plebe. Pra quê? Não deve ser só para captar receitas publicitárias!

A austeridade, o rigor, a sobriedade e a solidão do seminarista  dão lugar a um homem novo – mulherengo, intriguista e fútil…

A misoginia do ditador é substituída pela delinquência do homem medíocre…

Quem escreve o guião sabe bem a quem aproveita o anacronismo…

Ao desrespeito, à calúnia e à mentira…

7.2.09

Dá vontade de meter o malho no Santos Silva.

Num cuteleiro, de avental ao torno, / Um forjador maneja um malho, rubramente.” Cesário Verde, Sentimento dum Ocidental

Queria o Cesário explicar que malhar (o ferro, os cereais) é uma actividade produtiva, ao contrário, por exemplo, de uma certa sociologia de pacote que nos tem sido impingida desde o 25 de Abril, quando me entrou pela casa dentro um malhador, de mangual sonoro, a querer malhar em toda a gente, à sua direita e à sua esquerda…

Um malhador ministro!

Um malhador ex-ministro da Educação, ex-ministro da Cultura de que ninguém conhece obra.

Resta-me tentar convencer os meus alunos que um forjador é mais útil à Nação que um malhador letrado!

A talho de foice plebeia, confesso que nunca suportei as teses do académico Santos Silva: faltava-lhes conhecer o malho, isto é, lê-las era o mesmo que malhar em ferro frio!

5.2.09

O controlo

O controlo aperta: à distância e na vizinhança e o medo ganha forma, deixa de ser uma ideia abstracta.

4.2.09

Em Fevereiro, anoitece…

A liberdade de escolher não deveria ser tolhida por ninguém, mesmo que, por vezes, o custo possa ser elevado. Aquilo a que assisto diariamente é confrangedor.

A consciência individual e colectiva é manipulada pelas agências de informação e pelos pequenos títeres que pululam um pouco por toda a parte.

O objectivo é instalar o medo, silenciar a voz…

31.1.09

Ervas daninhas, enguias e pegas

Janeiro 2009, um mês diferente… Chuva, vento, frio e até neve… Já em Dezembro, o Sol desaparecera aos poucos… Tudo sombrio, como se o tempo apenas quisesse acompanhar a decadência das sociedades ditas desenvolvidas..

Estamos no Inverno e parece que caminhamos para o Inferno… Nem o primeiro ministro escapa! A ser verdade o que se diz, o nosso primeiro deixou-se encharcar….

Mas se a chuva nós a sentimos nos ossos, a verdade, porém, é enguia escorregadia. Nem a folha de figueira a conseguiria segurar, sobretudo, neste Inverno de figueiras despidas e ervas daninhas…

Quanto aos Ingleses, convem não esquecer que já o rei D. João I teve que se defender da acusação de D. Filipa de Lencantre que lançara o mujimbo de que sua a Alteza a traía com todas as belas da Coorte…

Dessa intriga, ficou-nos o humor régio bem gravado nos tectos do Paço Real de Sintra…

Se ao menos (José) Sócrates tivesse um pingo de Humor!