14.10.17

Ontem, senti pena do jornalista Vítor Gonçalves

Ontem, senti pena do jornalista Vítor Gonçalves. Senti que na sua contenção morava uma alma isenta e nobre que, de algum modo, desejava que o seu entrevistado se redimisse.
Mas era absolutamente impossível cumprir o guião. Ao entrevistado pouco interessavam as perguntas; as suas respostas apenas visavam encobrir as causas da megalomania que deixou um país de pantanas...
A certa altura, apeteceu-me regressar a Platão e reler os diálogos socráticos, em que o filósofo utiliza os seus interlocutores para os rebaixar, expondo-lhes a mediocridade e a sordidez dos seus pensamentos...
Sem público, Sócrates não existiria, e é isso que explica a necessidade de controlar o entrevistador, exigindo-lhe submissão e denegrindo-o.
Afinal, o público ama a megalomania e a hipocrisia do poder...

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