30.9.17

Suspendo a má razão destes últimos anos

(Não era isto que eu queria referir. Absurdo, isto sem antecedente...)
Tive, quando, por perto não tinha papel nem caneta, intenção de mostrar os cogumelos que no dia anterior tinham desabrochado no velho tronco, só que, naquele momento, apercebi-me que alguém os tinha destruído, provavelmente, à biqueirada. Ainda saquei da câmara fotográfica, mas a manhã cinzenta ou a falta de jeito devolveram-me uma imagem imprecisa - e essa imagem persiste, embora não seja editável.
Tudo surge impreciso nos bastidores da certeza anunciada. E eu, descrente, medito sobre todos aqueles que nunca puderam votar, sobre todos os que perderam a vida para que todos pudéssemos votar. Suspendo a má razão destes últimos anos e conto os metros que me separam da mesa de voto, de todas as mesas de voto, não vá surgir alguém que as queira suprimir, como está acontecer nessa outra parte da Ibéria intolerante...

29.9.17

É isso!

De um lado, os sentidos, as sensações, as emoções, os sentimentos - o coração. Do outro, as imagens, as representações, as combinações - a razão...
No meio, o distanciamento, a rutura, o jogo. Como resultado, essa coisa linda que é a obra, o poema, o quadro, a estátua, a sinfonia...
Se fica acima, se fica abaixo, pouco interessa porque, afinal, a terra é um corpo no firmamento e nós, perdidos, apenas, podemos jogar no balanço da deriva para evitar a depressão e  a solidão a que nos condenámos ao querermos matar a transcendência....
Para trás, vão ficando Comte, Marx, Darwin, Nietzche, Freud, Marcuse, Lacan, Foucault ... Eles cantavam sem razão na soberba dos dias.

Depois, há ou não há interesse, curiosidade, vontade de traçar um projeto, de se libertar de enleios, de se atirar para os braços de um eu coletivo que dê asas à loucura, à doença das nações... Nova transcendência que nos culpe, nos desculpe, nos redima....
Em Camões ou em Pessoa, lado a lado, caminham a identidade individual e a identidade coletiva, sempre a tentar adivinhar o futuro...

27.9.17

Take 2 do projeto de intervenção na Escola Secundária de Camões

«Se não sabemos em direção a que futuro o presente nos leva, como poderemos dizer que este presente é bom ou mau, que merece a nossa adesão, a nossa desconfiança ou o nosso ódio?» Milan Kundera, A Ignorância

Ao ouvir o arquiteto Falcão de Campos referir-se  ao take 2 do projeto de intervenção na Escola Secundária de Camões, surgiu-me de imediato a pergunta de Kundera, reformulada: Como poderei dizer que este projeto é bom ou mau?
Do que mostrou do (novo) projeto - condicionado pelo número mágico 11 milhões de euros - tudo me pareceu fazer sentido na perspetiva da preservação do património.
Só não sei (e como sabê-lo?) se a escola, tal como a experimentamos atualmente,  continua a ter futuro... No íntimo, estou em crer que não. Em termos de programação logística do ensino, provavelmente estes espaços tornar-se-ão obsoletos. 
No entanto, hoje, estou com aqueles que querem ver o projeto do arquiteto Falcão de Campos concretizado, nem que seja por uma questão de justiça e, sobretudo, de segurança...

26.9.17

Surpresa!? Não vejo como...

João Lourenço enumerou vários países que considera estratégicos para o governo angolano, como os Estados Unidos, a China, a Rússia, o Reino Unido e Espanha, mas surpreendentemente ou não, não fez qualquer referência a Portugal. A parceria luso-angolana

Não creio que o novo presidente de Angola se tenha esquecido de Portugal. A verdade é que Portugal precisa mais de Angola do que o contrário. E sempre foi assim desde que o Brasil se tornou independente...
O resto é conversa de comadres desavindas! E claro, o resto também é reflexo do modo como certos vassalos limparam o tesouro de cada um dos estados, criando uma fraternidade indissolúvel, mas que convém agitar um pouco para que os povos acreditem que aos seus governantes (agora, democraticamente eleitos!) só interessa o bem comum e... um banho revigorante nas velhas águas atlânticas...

25.9.17

O regresso dos dinossauros

Não quero tecer grandes comentários. É um género desacreditado, tantos são os comentadores.
Quero, no entanto, deixar aqui um reparo: aborrece-me que os dinossauros estejam de volta.
A voracidade deles é tão grande que muitos dos munícipes acabarão por ser devorados... 

24.9.17

Não gosto nem do meio nem do conceito

É com tristeza que recebo a notícia do falecimento de D. Manuel Martins, grande referência da consciência social. https://twitter.com/antoniocostapm

Detesto que o primeiro-ministro de Portugal reaja à morte de um dos prelados mais ilustres do Portugal de Abril através do twitter. (Não me estou a referir à reação do cidadão António Costa...)
Detesto a restrição imposta pelo adjetivo "social". D. Manuel Martins travou um combate na diocese de Setúbal que, de verdade, era "político" na verdadeira aceção do termo...

23.9.17

Apagamento clarificador

Com a chegada do outono, decidi iniciar a poda antes que as folhas apodrecessem. E a poda foi significativa, pois muitos dos amigos apagados, que figuravam na minha extensa lista facebookiana, há muito que deixaram de dar sinal... Alguns, provavelmente, nem saberiam que estavam associados ao meu perfil...
Espero com tal gesto não ter defraudado algum seguidor silencioso.
Isto não significa que tenha decidido acabar com a amizade de quem quer que seja. Apenas, decidi pô-la à prova... 

22.9.17

A missão de Portugal no mundo e A Ignorância de Milan Kundera

«Os escandinavos, os holandeses, os ingleses gozam do privilégio de não terem conhecido qualquer data importante desde 1945, o que lhes permitiu viver um meio século deliciosamente nuloMilan Kundera, A Ignorância, 2000, Parte 3

Leio atentamente o trabalho de contextualização da migração da personagem checa para Paris. Fixo cada data, cada bloco político, cada estado, cada conflito e de súbito interrogo-me sobre qual era o lugar de Portugal no mundo de Milan Kundera e concluo que estivemos fora - nem sequer há referência à guerra colonial de 1961 a 1974..., uma guerra a que a União Soviética não foi de modo nenhum alheia...

1914 (início da I Grande Guerra); 1918 (independência da República Checa); 1936 (início da Guerra Civil Espanhola); 1938 (termo da independência da República Checa); 1939 (início da II Grande Guerra); 1948 ( sob a influência do Terror comunista, ressurgimento da República Checa; os Jugoslavos batem o pé a Estaline); 1956 (invasão russa da Hungria); 1968-1969 (ocupação da República Checa pela Rússia); 1989 ( termo da Guerra Fria), os russos abandonam a República Checa e os restantes regimes comunistas - URSS); 1991( República Jugoslava - começam todos a assassinar-se uns aos outros...

É isso! Continuamos convencidos de que tivemos e continuamos a ter um papel no mundo, mas basta ler um romance mais ou menos engajado para perceber que já não existimos... Ou será, apenas, ignorância de Milan Kundera?

21.9.17

Se me preocupo...

Estou em dificuldades: não consigo, sociologicamente falando, aproximar-me da média atitudinal. Por mais que pense que o meu interesse particular corresponde ao interesse coletivo, não obtenho resposta que confirme tal ideia. 
Por mais que pense que vale a pena agir em função de uma visão global, verifico que tudo está determinado pelo interesse individual.
Se me preocupo com o destino da Ibéria, há logo quem me diga que o problema não é meu. Quando tento explicar que, aqui ao lado, e não nos antípodas, há um estado (espanhol) constituído por várias nações e que estas são, em regra, configurações grupais anteriores à formação do estado castelhano, o desinteresse é manifesto. 
Quando procuro explicar que o fenómeno do nacionalismo já teve como corolário múltiplas guerras sangrentas, fico com a sensação de que estou cercado por muita gente que (des)valoriza a GUERRA...
Quando arrisco que nem tudo depende do contexto e que este nem sempre é relativo, olham para mim como se fosse o E.T....
Afinal, se começar a descascar uma cebola, há sempre um momento de fixação inicial... e este é radical...

20.9.17

A carreira 722 e a abstenção no dia 1 de outubro

Certo dia a carreira 22 da Carris passou a 722 em homenagem às míticas 7 colinas de Lisboa. Entretanto, as obras na Zona do Marquês de Pombal impuseram um encurtamento do percurso que passou a efetuar-se entre a Praça de Londres e a Portela (de Sacavém, Loures)...
O povo lá se foi adaptando na esperança de que, terminadas as obras, os "donos" da Carris restabelecessem o itinerário, mas nada disso sucedeu...
Porquê? Ninguém sabe!
A autarquia diz que luta para que a linha do Metro seja alargada até Loures, passando pela Portela e Sacavém. Quanto a essa reivindicação, todas as forças políticas locais parecem estar de acordo, embora não se saiba se o metro algum dia chegará a esta zona, mas sobre a carreira 722 ninguém abre a boca - uma medida justa, imediata e barata que poderia melhorar a ligação da periferia ao centro da cidade e vice-versa...
Eu, por mim, sinto-me desprezado pela Carris e pelas forças políticas que se digladiam pelo controlo do poder autárquico no concelho de Loures e, como tal, começo a acreditar que, não podendo votar contra, o melhor é abster-me... até porque as restantes carreiras, 782 e 728, também não servem devidamente a população, a primeira é intermitente e a segunda só aparece quando o rei faz anos...

19.9.17

De ocasião


Tempos houve que por aqui vivi... Quando, hoje, passo, já só vejo gente apressada, portas e janelas fechadas... e obras de ocasião para turistas de ocasião...
A maioria  das pessoas desse tempo já partiu... 

18.9.17

Tombar, pétala a pétala...

As pedras, uma a uma, podem armar o poema, tal como a flor, pétala a pétala, ou a cor, do azul ao cinzento, emparelham ou alternam...
Só que a ideia esmorece se lhe falta o cimento...
Uma ideia, fora do contexto, até pode ser flor, cor, lágrima, pavilhão G.
Só que a ideia esmorece se lhe faltar a intenção, o rumo, o horizonte...
A ideia, bem enlaçada, até pode ser deia, mas faltar-lhe-á a cor, mesmo se, por acaso, for raiz, tronco, copa e se perder nas fímbrias da abóbada...
Só que a ideia anoitece se a memória desaparece e, então, as pedras, por um instante, uma a uma, ainda poderão florir para, depois, tombar pétala a pétala... 

17.9.17

Esta ideia de tudo alienar...

Num lugar, onde não é possível assegurar a existência de uma escola básica, surgiu agora um comprador do terreno e respetivo edifício escolar a afirmar que gostaria de ali implantar um instituto superior com dinheiros públicos... Provavelmente, um Politécnico que se encarregasse de ministrar cursos florestais e de produção animal... (ver post de ontem)
Pessoalmente, não tenho nada contra a ideia, desde que a obra não implique financiamento público, porque os sonhos, mesmo se infantis, não devem ser apresentados sem caderno de responsabilidade e de encargos...
No caso da Escola Primária, mandada edificar pelo Estado Novo, com dinheiros públicos, mandava o bom senso que o próprio Estado a colocasse ao serviço da comunidade, mesmo que tivesse que a reconverter para outras funções sociais...
Esta ideia de tudo alienar acabará por trazer mais prejuízo do que lucro.

16.9.17

Um instituto superior em Carvalhal do Pombo!?

Todos os dias olho para essa escola”, confessou Luís Cavalheiro ao mediotejo.net no fim da hasta pública. A ideia, adiantou, é recuperar o edificado e criar ali um novo estabelecimento de ensino superior, de âmbito nacional, que dê formação nas áreas da reflorestação e dos produtos naturais. Uma ambição que Luís Cavalheiro tem há muitos anos, tendo surgido agora, sem fazer conta, a possibilidade de adquirir o edifício.
Para já ainda não tem nada em andamento, tendo apenas adquirido o imóvel. O objetivo agora é procurar investimento estatal. “Queria algo a nível nacional”, frisou. Entre os seus projetos está a reabilitação do figueiral de Torres Novas.

Estranho o projeto, apesar da região necessitar de aproveitar os seus recursos naturais! No entanto, há que ter fé! E em Carvalhal do Pombo, a fé é coisa que nunca faltou. Dinheiro, sim, creio.

15.9.17

BB-/A-3

A Standard and Poor’s (S&P) subiu o rating da República portuguesa para o patamar de investimento, no nível BB-/A-3, do anterior BB+B. A revisão em alta “reflete a melhoria das previsões para o crescimento do PIB de Portugal em 2017 a 2020, bem como os progressos sólidos feitos na redução do défice orçamental”, refere o relatório da agência, publicado esta sexta-feira. BB-/A-3

O debate autárquico já passou à história.
Apesar do foguetório que se anuncia, temo que a euforia nos atire para o abismo...
Num país doente, o protagonismo só pode ser dos enfermeiros! Quanto aos enfermos, eles que tenham paciência!
Doravante, todas as lutas são mais do que justas... 

14.9.17

Diagnóstico e rememoração

Provavelmente, noutros domínios, a relação não será significativa, por exemplo, para as ciências da saúde, se excetuarmos a psicanálise, no entanto, na área da didática, confronto-me todos os anos com a mesma ansiedade. ( Qual será a origem deste estado psíquico?)
Ao aceitar que a rememoração consiste em fazer aparecer as coisas do passado com as suas qualidades, sempre que me disponho a elaborar qualquer teste de diagnóstico pressinto que o resultado será frustrante, pois para que haja rememoração é necessário que a mente tenha tido necessidade de guardar informação sem qualquer tipo de diluição... (intenção de...)
Ora, a experiência diz-me que, ou a mente não teve oportunidade reservar qualquer tipo de aprendizagem ou se o fez, no momento do diagnóstico, a consciência só traz à superfície o restolho estival...
Se o diagnóstico não serve para avaliar a qualidade da aprendizagem efetuada, então para que é que serve?

13.9.17

Claro que poderia imaginar

Não o penso o que quero...
Estou sempre a ser submetido a pulsões exteriores ( e estas impedem-me de saber o que quero.) Quanto às interiores, há muito que aprendi a recalcá-las..., o que mata o pensamento...
Claro que poderia imaginar, mas para quê se as imagens são perceções falseadas!
Submeto-me, assim, à vontade dos outros (já desisti de os contrariar) que, talvez, não pensem o que querem, mas que, afinal, não cuidam de saber se as imagens são verdadeiras ou falsas, até porque muitos se contentam com o reflexo luminoso no fundo do poço.

Espero que não espreitem cada palavra, mesmo que vos digam que se trata de metáfora, porque sob a palavra não há nada. Talvez a possam virar do avesso, e segui-la a ver se compreendem porque é que não penso o que quero...

12.9.17

Dá sempre jeito ter um "louco"...

Nunca soube bem o que é que significa pensar. Que existo, parece-me excessivo...
Com tanta gente a pensar em sanções a aplicar à Coreia do Norte, a minha dúvida cresce, pois não consigo acompanhar o argumento de que se lhe cortarmos o combustível, o gás, os medicamentos, os víveres,  as exportações, ela acabará por ceder, isto é, desistirá do programa nuclear... (Mas quem é que vai desistir de um projeto nuclear?)
Parece-me um argumento absurdo e impraticável, não por causa dos coreanos, mas por causa dos americanos, dos russos, dos chineses e de todas as máfias que se movem por terra, mar e ar...
Acossados, os norte-coreanos só poderão responder / atacar com as armas de que possam dispor, a não ser que estejam dispostos a deixar de pensar, o que, cartesianamente, significaria deixar de existir...
Em síntese, ou não ando a pensar direito ou o pensamento não tem nada a ver com este problema. No mundo dos interesses, dá sempre jeito ter um "louco" que possamos acusar de disparar em todas as direções...

11.9.17

Afetos encenados

Em dia de abraços presidenciais, relembro o "realismo" do anterior PR: "a realidade acaba sempre por derrotar a ideologia" ...
Não vou repetir o argumento utilizado para mostrar a inépcia de Cavaco Silva, mas vou citar Jean-Paul Sartre:

O mundo real não existe, faz-se, sofre retoques constantes, torna-se maleável, enriquece-se; um determinado grupo, tido por objetivo durante muito tempo, acaba por ser rejeitado; pelo contrário, um outro, muito isolado, será de repente incorporado no sistema.» A Imaginação, pág. 88, Difel

Tantos abraços já maçam, sobretudo quando adiam a resolução de problemas e, ao mesmo tempo, reclamam para si um magistério, apesar de incapaz de compreender a mudança, porque as ideias deixaram de determinar a ação, transformaram-se em afetos encenados...

10.9.17

As coisas não se movem...

As coisas.
Não se trata de imagens nem de representações.
As armas clássicas sempre foram tomadas como coisas.
Coisas que podem enferrujar ou, mesmo, desfazer-se em pó...
As coisas, por si, não se movem, mas podem ser deslocadas. 
Em Tancos, dizem que havia armas de vários tipos - umas leves, outras mais pesadas; algumas delas, obsoletas.
Essas coisas, consta que foram roubadas. Também consta que não havia ninguém para as vigiar...
Ora essas coisas (que não as imagens ou as representações) não voltaram, nem podiam por si.
Por causa do sumiço, já houve convulsão na caserna... Vejo agora que um senhor, de seu nome Azeredo Lopes, terá chegado à conclusão de que "no limite, pode não ter havido furto"...

Em Portugal, é bem possível que as coisas se tenham transformado em pó, por falta de uso ou por corrosão... No geral, é o que costuma acontecer com as coisas que tombam na alçada da justiça...
Três teses

9.9.17

A dignidade da função dos juízes

A missiva surge como reação à greve dos juízes marcada pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) para os dias 3 e 4 de outubro, devido à "intransigência" do Governo nas negociações para a revisão do Estatuto dos magistrados judiciais, que "continua a negar aos juízes a progressão profissional adequada à dignidade da sua função", segundo o sindicato. Greve dos Juízes

Será que há funções dignas e que as restantes são indignas?
Será que a progressão profissional deverá depender dessa in(dignidade)?
Por outras palavras, num quadro de dívida pública e de consequente falta de recursos financeiros, é aceitável que o Estado privilegie umas castas em detrimento de outras ? (Quem diz castas, poderia dizer corporações!)

Nos últimos dez anos, a desigualdade remuneratória agravou-se escandalosamente em muitos sectores profissionais. Será que tal aconteceu com os senhores juízes? Por mim tenho que não.
Por exemplo, entre os professores, a inexistência de progressão levou a que haja milhares de professores obrigados a exercer as mesmas funções, mas com remunerações muito diferenciadas, o que avilta o exercício da profissão... Mas como são muitos, o melhor é esquecê-los...
E se os professores, os médicos, os enfermeiros, os bombeiros, os administrativos, os auxiliares de todos os tipos, as forças policiais... se levantassem e fizessem todos greve em nome da dignidade da função, será que teriam razão?

8.9.17

Cogumelos

Oportunistas, estes cogumelos!
Tudo lhes serve. Surgem sorrateiramente, instalam-se e crescem, deslumbrados. 
Engordam, indiferentes a quem os abriga. E depois não há quem lhes sobreviva.

Eu até lhes descubro algum encanto, mas é de curta duração, pois odeio parasitas...

Setembro parece ser um dos meses em que eles proliferam. Não há placard nem ecrã que lhes escape...

7.9.17

Por um instante

Há vários indicadores de que a humanidade caminha para a catástrofe: as ameaças de ataque nuclear; a corrida ao armamento cada vez mais letal; as alterações climáticas; a aposta das empresas na robótica e na desvalorização do trabalho humano; a  eleição de governantes oportunistas e malfeitores; o aumento do emprego e da precariedade; a falência de todo o tipo de valores; o radicalismo religioso; o culto extremo do corpo e, sobretudo, da imagem... a iliteracia galopante...
Os sinais do descalabro são mostrados a toda a hora, mas nem por isso nos incomodamos. Ou se tal acontece, é por pouco tempo...
Vi, hoje, numa televisão, o Presidente da República Francesa a dirigir-se aos habitantes do Ultramar francês, avisando-os da catástrofe que se iria abater sobre eles e, por instantes, pensei: - mas. afinal, todos sabemos o que andamos a preparar e pouco ou nada fazemos para contrariar os indicadores que nos condenam ao extermínio...
E depois há aqueles que se esforçam por remar contra a enxurrada e que todos os dias são enxovalhados....

6.9.17

Os CEO não desistem!

John Cryan, CEO do Deutsche Bank, pediu aos seus congéneres que abracem o “espírito revolucionário da tecnologia”. E alertou para que os empregados que “trabalham como robôs” serão substituídos por eles.Não queira ser robot!

“A verdade é que não precisamos de tantas pessoas”, disse Cryan. “Nos nossos bancos temos pessoas que se portam como robôs, com tarefas mecânicas. Amanhã teremos robôs que se comportam como pessoas”.

Lá voltamos ao perfil humano. Desta vez, estou curioso. 
Eles não desistem, com ou sem Hitler. O nazismo continua à solta. E chamam-lhe "espírito revolucionário"! 
Por mim, em vez de começar o processo de substituição pela base, começava pelo topo, pelos CEO...

5.9.17

Azenha(s) do Mar

Azenha do Mar

Azenhas do Mar
Dois lugares com mar, mas sem azenha...
Duas imagens que fixam o instante e obrigam a memória a zarpar..., na maioria dos casos, sem sucesso.










Tempos houve em que a memória nada evitava. Bastava que houvesse Mar e necessidade de moer o grão para que a Azenha se elevasse e desse nome ao Lugar.

Nomear não é imaginar. É apenas identificar o lugar, a coisa, a pessoa... para diferenciar, para facilitar...
.... apesar de todo o tipo de Sacerdotes que insistem no contrário...

4.9.17

E quando tal acontece

As coisas continuam nos seus lugares.
Pelo contrário, as ideias, por não ocuparem espaço conhecido, esfumam-se... Deve ter sido um problema de descuido sintático, no tempo próprio...
Por seu turno, as imagens só resistem se coisificadas... Tal singularidade obriga a que o olhar nelas se imobilize, porém não lhes consigo respirar a voz... e quando tal acontece, as próprias imagens se esfumam...
Tudo caminha para um fim que uns tantos insistem em considerar natural, desde que não seja o deles.
O problema é que, por estes dias, esse fim pode ser coletivo... 

3.9.17

Les cons

«- Ce qui est sûr, c'est que c'est les gros qui cassent les verres et que c'est les petits qui les paient.» Jean-Paul Sartre, Le sursis.

Agora que os franceses redescobriram as cidades e os campos de Portugal, talvez valesse a pena dar um pouco mais de atenção à cultura francesa. Por exemplo, à obra de Sartre por aquilo que ela nos revela da condição humana, tanto dos grandes como dos pequenos...
Na última semana, devorei a grande trapalhada que foram aqueles oito dias de setembro de 1938 ( de 23 a 30) tendo ficado com a ideia de que estamos a viver tempos muito semelhantes, embora em geografias distantes, mas com consequências ainda mais infernais...
E já agora, também tomei consciência de que na chamada literatura lusófona há muita criatividade narrativa que não passa de apropriação da técnica de escrita sartriana, designadamente na trilogia "Les chemins de la liberté"... o que poderia até ser positivo caso ainda existissem leitores de Sartre...

2.9.17

A escrivã da puridade

Rita Faden ganhou uma preponderância junto de António Costa e um poder dentro do Palácio de São Bento que causam até desconforto nos ministros. «Quando vão a Bruxelas, entra o primeiro-ministro, entra a chefe-de-gabinete e só depois entra o ministro ou o secretário de Estado. A chefe-de-gabinete

Deve ser inveja!
António Costa é um cavalheiro que respeita as Senhoras, sobretudo quando são elas que lhe preparam a agenda, lhe guardam os segredos e lhe dão conta do que vão tramando os seus "amigos de berço"...
A História ensina que, à falta de diretor espiritual, as majestades sempre viram o escrivão da puridade como "espelho-meu"... Discreto, ardiloso e sedutor...