14.6.17

Luiz Pacheco entrevistado em 2004


Luiz José Gomes Machado Guerreiro Pacheco, 1925-2008.
(Entrevista ao Independente / 5 Nov. 2004)
Com quase 80 anos, a viver num quarto de um lar. 
Tem 8 filhos e 15 netos, que não conhece na totalidade. Está no lar desde 2001. Recusa ser operado à vista, por medo. Já não lê… Só vê sombras… Incontinente. O trajeto é só entre o quarto e a sala do lar… Vive de um subsídio de 120 contos, que teve medo de perder com “aquela gaja horrorosa, a Manuel Ferreira Leite”. Fica todo no lar. O subsídio terá tido a intermediação do Alçada Baptista…
Quis ser ferreiro, quis ser professor. Quis ir para a marinha mercante com o Cardoso Pires, mas nunca aprendeu a nadar. O máximo que teve foi quatro alunos em explicações.
Na Academia de Ciências foi uma desilusão - não havia convívio nenhum: éramos 10 rapazes e 100 ou 200 raparigas…
O grupo inicial de que fez parte: José-Augusto (França?), José Cardoso Pires, o Salazar Sampaio. Fizeram um jornal no Liceu (Camões) – o Pinguim, que teve três ou quatro números…
Considera que a sua actividade como editor foi mais relevante do que a de escritor…
Estórias: a da relação com uma menor de 14 anos, em casa de seus pais. Foi obrigado a casar. Ele tinha 17/18 anos… terá sido abusado sexualmente na infância; a história da ida às putas na Mouraria com um colega do Camões – eram ambos virgens: a prostituta comia uma maçã enquanto ia fazendo o serviço…
Quanto à pedofilia, não vê as crianças como inocentes, sobretudo as raparigas de 13 anos…
Desmente a sua relação homossexual com Mário Cesariny. Diz que isso é um mito, que não fez parte da lista dele.
Considera que em “O Libertino passeia por Braga” tudo é real – escrito em 1961, mas só publicado em 70…
Elogia o Salazar, o Cavaco, “isso é que eram bons primeiros-ministros, não era esta cambada- ” Santana Lopes, Paulo Portas. 
Foi salazarista, comunista… libertino... anarquista(?)

Rapidinhas

Agustina Bessa-Luís - Uma escritora a sério.

Lobo Antunes - Não leio há muito tempo.

Cardoso Pires - Um grande amigo.

Fernando Namora - Um aldrabão muito grande.

Natália Correia - Uma escritora um bocado falsa.

José Saramago - Um escritor de grande qualidade.

Sophia de Mello Breyner - Nunca li nada dela.

Herberto Hélder - Pensava que era melhor do que realmente era.

Mário Cesariny - Um artista que não ficará para a História.

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