28.5.17

Por conveniência ou não

Escrevi, há dias, a propósito de Noite (1955), de Elie Wiesel, que " (nos campos de concentração), Deus deixa de existir"; concluída a leitura, a afirmação parece-me despropositada, pois o que não existe não pode, por conveniência ou não, deixar de existir...
Lá quem ordenava, torturava, fuzilava, cremava, era o homem... É sempre o homem! Mais esperto ou mais boçal, é sempre o homem que é verdugo do outro homem.
De todas as obras que li, até hoje, esta é provavelmente a mais triste e a mais reveladora da condição humana: 
             «Um dia, consegui levantar-me, depois de ter reunido todas as minhas esforças. Queria ver-me ao espelho, que estava suspenso na parede da frente. Desde o gueto que não me via a mim mesmo.
               Do fundo do espelho, um cadáver contemplava-me.
               O seu olhar nos meus olhos nunca me abandona
                                   Elie Wiesel, op.cit)

PS. A leitura desta obra não é recomendada no âmbito do Projeto de leitura do Ensino Secundário! Nem em qualquer outro programa...

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