15.5.17

Marcelo, o pedagogo, disserta sobre Álvaro Cunhal e a Democracia

O Senhor Presidente da República deslocou-se esta manhã à Escola Secundária de Camões, onde deu uma aula sobre Álvaro Cunhal e a Democracia
Perante uma repleta e atenta plateia de alunos e professores, o professor Marcelo Rebelo de Sousa traçou o retrato político do antigo aluno do Liceu Camões, à semelhança do que já fizera com outros "pais da democracia" - Francisco Sá Carneiro e Mário Soares. (Até ao final de Maio, completará a iniciativa com Diogo Freitas do Amaral.)
Porque entende, à semelhança do que praticara Álvaro Cunhal, que a função do homem político é, entre outras, pedagógica, o  Presidente decidiu fazer este périplo pelas escolas secundárias (antigos liceus), pois considera que elas dão um importante contributo para a formação de todos aqueles que se entregam à causa política, independentemente da opção de cada um.
Da ação de Álvaro Cunhal, o Presidente destacou duas fases: antes e depois do 25 de Abril de 1974. Na primeira, referiu a frequência do ensino doméstico em Seia e posterior entrada no Liceu Camões em 1924, onde terá evidenciado profundo apreço pela nova política russa, revelando cedo a sua oposição à ditadura militar de 1926... Entrou em Direito com 17 anos... Em 1934, foi eleito representante dos estudantes no Senado da Faculdade. Em 1935, já era o líder da Juventude comunista, na clandestinidade (...). Entretanto foi preso, tendo concluído, com distinção, a licenciatura, em 1940, com a defesa de uma Tese sobre "O Aborto: Causas e Soluções"... Entre 1949 e 1960, esteve ininterruptamente preso, passando 8 anos em regime de isolamento, acabando por se evadir, refugiando-se em diversos países europeus, só regressando em 1974. Em 1961, foi eleito secretário-geral do PCP, cargo que ocupou até 1992...
Depois do 25 de Abril, o resistente antifascista manteve os ideais da juventude, sabendo gerir os percalços da democracia, mesmo que esta se viesse a afirmar como um retrocesso revolucionário e, sobretudo, viu-se forçado a assistir ao desmoronamento da União Soviética...
De Álvaro Cunhal, Marcelo traçou o retrato de um homem culto, disciplinado, duro, com quem apenas dialogou duas vezes, de forma breve, resistindo a pronunciar-se sobre a pessoa na intimidade porque, na verdade, nunca com ele privou.
Claro que o Professor Marcelo Rebelo de Sousa abordou muitos outros aspetos da vida portuguesa pós-25 de abril, fazendo-o com a discrição e a elegância próprias de um príncipe florentino..., se excetuarmos as selfies.

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