26.3.17

Zona de contacto

Há conceitos que se banalizaram de tal modo que deixaram de ter utilidade. Hoje, não passam de etiquetas que se colocam sobre certas formas de lidar com o Outro. Estou a referir-me aos conceitos de multiculturalidade e de interculturalidade que determinam espaços de acantonamento e de integração, embora diferenciada.
Mary Louise Pratt (1992) propôs que a investigação passasse a centrar-se na «zona de contacto», porque este conceito obriga a equacionar a distância e a proximidade a que nos situamos do Outro.
O problema é que quanto mais nos aproximamos, mais sentimos necessidade de traçar limites. 
Na verdade, quando distantes, não vemos obstáculos à diluição de fronteiras; só que, quando o Outro entre no nosso espaço, surge o medo, o desassossego, a fobia, o ódio... 
Como alternativa, os políticos de esquerda preferem a abordagem exótica, desde que ela traga dividendos.
Quanto aos políticos de direita, preferem levantar muros. Preferem o apartheid, em nome de uma pureza fantasiosa.

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