4.2.17

Nos Passos de Santo António

Gonçalo Cadilhe sempre foi, para mim, o homem que sabe ir aos lugares onde eu gostaria de ir. Desta vez, o viajante soube reinventar os passos desse português que habita o nosso imaginário desde a infância, mas que visto à distância, no tempo e no espaço, pouco se importaria com a identidade terrena; o que lhe interessava era a chama que o empurrava para a defesa de um Deus despojado e solidário - Fernando Martins / Santo António de Lisboa / Santo António de Pádua.  
Ao ler "Uma Viagem Medieval" de Gonçalo Cadilhe, três ideias se foram apoderando de mim. Primeira, o roteiro criado pelo Autor é tão apelativo que, talvez, um dia destes também eu parta para cumprir parte desse destino antoniano; segunda, o relato da viagem pelo Norte de África é tão ponderado que vale a pena lê-lo várias vezes para compreender aquilo que nos liga e que nos separa nas margens do mediterrâneo - o absurdo da inimizade que pouco tem a ver com a alma do povo; finalmente, e já que o Ministério da Educação aposta num Projeto de Leitura para o 10º ano centrado na Idade Média, parece-me que Nos Passos de Santo António é uma obra genuinamente portuguesa, que permite ao leitor tomar consciência de que o presente não está tão longe do passado, mesmo se medieval, como a nossa ignorância persiste em defender.
Nos Passos de Santo António, Uma Viagem Medieval, é um belo livro de Gonçalo Cadilhe que nos liberta da poeira hagiográfica, e nos faz sonhar! Pelo menos, a mim!

A ler:
 https://sol.sapo.pt/artigo/547268/goncalo-cadilhe-sou-um-viajante-nao-sou-um-nomada-

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