7.2.17

A língua em que navegamos

A língua é de quem a fala e de quem a escreve. Se deixar de permitir a comunicação é porque alguém a anda a tratar mal, isto é, os falantes querem seguir por atalhos que, nalguns casos, originarão novas línguas, e em que, noutros casos, os falantes acabarão por se extinguir. O que, de facto, acaba por vir à tona é a falência do sonho imperial de uma comunidade lusófona.
É sabido que o sonho, por adjetivar, não prejudica ninguém. O problema é que não sonhamos coletivamente e, quando tal acontece, de nada serve regular o que vai desconcertado...
A língua não é dos gramáticos, nem dos livreiros nem dos políticos, que, na verdade, outra coisa não fazem que não seja zelar pelos seus negócios ...
Agora, uns tantos querem purgar o acordo ortográfico. Por mim, a tarefa é impossível, porque, desde 1911, que não há acordo.
Se recuperássemos todos os desentendimentos lexicais, semânticos, fónicos, ortográficos e outros, chegaríamos facilmente à conclusão que aquilo que nos une é cada vez mais residual, mais líquido... E esse é um detalhe que deveria merecer atenção, pois é nessa língua líquida que melhor navegam os que a falam e os que a escrevem... 
(...)
Reparem, entretanto, que já começou a campanha contra a mochila - sacola de escravo e não de moleque... Eu, por mim, também penso que para transportar um tablet basta um bornal. Em tempos, para transportar a lousa, chegava-me uma mão... e ignoro se a extinção da ardósia foi objeto de alguma decisão da pretérita Assembleia Nacional...

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