20.12.16

Línguas de fogo...

Não sei se as metáforas ensandeceram, mas as que encontro andam tão estafadas que me apetece calcá-las e deixá-las a fenecer. Parecem ter sido moídas por um energúmeno, que atolado numa qualquer lixeira, decidisse lançá-las aos abutres de serviço na Academia ou lá como se chama o clube  de sapiências que tomou conta das universidades, politécnicos, institutos e quejandos...
Ouvi dizer que as metáforas só são pertinentes se perderem a referencialidade e ficarem a levitar no espaço cerebral dos seus criadores, deixando os leitores a decifrar puzzles irresolúveis. Basta sonegar duas ou três peças para que a metáfora se eleve acima das cabeças, para depois sobre elas poisar como língua de fogo...
O problema é que as línguas sagradas parecem ter vontade própria, pois são elas quem decide quem integra o falanstério dos eleitos, são elas quem agracia e quem deixa de fora... E os eleitos não se fazem rogados, desatam a voz, assaltam as cadeiras e ocupam-nas vitaliciamente.
Há até uns tantos, que depois de mortos, ainda continuam assombrar-nos com a sua inexplicável opacidade.   

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