17.7.16

Saber tirar vantagem

Estou a (re)ler Le Rouge et le Noir, de Stendhal, e sinto que o leio pela primeira vez. Da primeira leitura, pouco sobrou, a não ser certos vislumbres do que "poderá vir a acontecer".
É um romance sobre as castas sociais, sobre a religião e sobre o amor, sobre a província e a capital, em que o comportamento humano é idêntico. Os protagonistas procuram a todo o transe ganhar vantagem, independentemente da condição social.
Em termos políticos, o liberalismo procura ganhar vantagem à velha e à nova aristocracia. O método é, no entanto, o mesmo, como se se quisesse assegurar que a Revolução fora incapaz de modificar as mentalidades. Ou como se, reunidas as condições, a atitude do pobre e do rico, do nobre e do plebeu, do religioso e do burguês, do cônjuge e do amante, fosse rigorosamente igual: vingativa, manhosa e oportunista...
Da leitura, ficam-me algumas ideias: Stendhal é um escritor que tira vantagem da leitura dos clássicos e dos modernos; que Eça de Queiroz soube ler Stendhal e não apenas Flaubert e Zola; que a condição humana sofre de narcisismo, ambição e mesquinhez; que, hoje, tudo continua na mesma.
O importante é saber tirar vantagem.

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